DEEPAL S05 E S07 NO ARRANQUE DA CHANGAN EM PORTUGAL - AMBIÇÃO DE PROTAGONISMO
2025-09-09 21:05:58

Reportagem. E-AUTO, recentemente, deslocouse a Chongqing, cidade com mais de 32 milhões de habitantes situada no sudoeste da China, para conhecer (quase) tudo sobre a Changan Automobile. O Grupo Auto-Industrial representa marca com ambição de protagonismo na Europa. Para O arranque, Deepal S07 e Deepal S05. A promessa é de 17 automóveis elétricos e híbridos Plug-In até 2030 oGrupo Auto-Industrial anunciou-o no fim de abril, no ECAR Show de Lisboa, mas a Changan ainda está a instalar-se no mercado nacional, com o apoio da empresa portuguesa que ganhou a corrida à representação de fabricante posicionado entre os maiores da China, como demonstram os números das vendas do ano passado: mais de 2,68 milhões de automóveis, contabilizando os registos próprios, e os das divisões Deepal, Avatr e Kaicene , e, também, os das parcerias com Ford e Mazda. Comparando o que acontece nos EUA e na China, enquanto os primeiros dispõem de três fabricantes tradicionais de referência, que têm quartéis-generais na região de Detroit, no estado da Michigan, e atuam de forma autónoma (leia-se privada), a segunda conta com quatro construtores, que controla de forma direta: SAIC, FAW, Dongfeng e Changan. As origens da companhia que conhecemos em Chongquing remontam a 1862, à instalação, em Shanghai, de indústria para o fornecimento de equipamentos militares, mas ganhou o estatuto de fabricante automóvel somente em 1959, com o início da produção, precisamente em Chongquing, do Changjiang Type 46, que não era mais do que a cópia chinesa do Jeep Willys norte-americano. Tratava-se, no entanto, do primeiro carro “made in” Império do Meio. A produção do Changjiang Type 46, que decorreu apenas de 1959 e 1963, foi muito reduzida = 38 unidades no primeiro ano, 1390 no quinto. Este modelo pesava 1150 kg, transportava cinco pessoas (mais o condutor) e tinha motor de 4 cilindros e 2,2 litros que consumia quase 14 I/100 km, mas permitia velocidade máxima de cerca de 115 km/h. Entretanto, ordenou-se a deslocalização da fábrica para Pequim, por decisão do estado, mas plantou-se a semente que começou a germinar em 1984, após a assinatura de parceria com a Suzuki por detrás da transformação rápida da Changan. Ainda nesse ano, com o sc112 e do sc110, duas viaturas de orientação comercial, a empresa mudou de ramo, da indústria militar para a automóvel. No entanto, foi apenas nas décadas de 2000 e 2010, coincidindo com a ascensão da China ao "trono” da indústria automóvel mundial, movimento concretizado em 2009, depois de 100 anos (exatos...) de “reinado” dos EUA, que a Changan ganhou dimensão. E conseguiu-o (muito) rapidamente, vendendo mais de dois milhões de carros/ano no mercado doméstico, pela primeira vez, em 2011, também “à boleia” dos acordos comerciais, industriais e técnicos com Ford e Mazda, fabricantes que mantinham parceria próxima, mas que decidiram afastar-se, por desinvestimento da primeira na segunda, no outono de 2012. A Changan, como muitas concorrentes chinesas, percebeu, precocemente, que o futuro do automóvel era elétrico e, por isso, em outubro de 2017, anunciou planos para parar a produção de carros apenas com motores de combustão interna em... 2025. E a ambição é propor somente elétricos e híbridos Plug-In. No início do ano, equacionou-se a fusão com a Dongfeng, que assumiria a condição de companhia dominante depois de formalizada esta operação, mas a ideia foi abandonada e as empresas mantiveram a independência e os programas de expansão internacional em que trabalhavam. Automóveis elétricos e híbridos Plug-In Na Changan, para a estreia na Europa, num programa que pressupõe a introdução de nove automóveis elétricos em três anos, em 10 mercados, o que também exige investimento importante na criação de rede de concessionários que a distribuição e a assistência, recurso à divisão Deepal, que foi criada apenas em 2023 e atua só no domínio das Novas Energias, o que soma os híbridos Plug,In (PHEV) aos carros alimentados só por baterias (VE). Em Portugal, todos OS Changan são, igualmente, Deepal. Confusos?! Se a Changan está concentrada na produção em massa, a Deepal privilegia mais a mobilidade sustentável e a tecnologia de ponta, o que explica, nomeadamente, as parcerias com a CATL para o fornecimento de baterias e a Huawei para as áreas do “software” e dos interfaces homem-máquina dos sistemas multimédia. A filosofia da marca encontra-se resumida na frase “Touch the Future”, que traduzir, de forma muito simples, em “tocar o futuro”. A Deepal não tem, obviamente, a dimensão nem a experiência da Changan, mas a combinação das duas marcas é muito promissora. O consórcio contabiliza quatro décadas de experiência na produção de automóveis e soma-lhes 14 complexos de produção e 34 fábricas em todo o mundo e existe plano para atividade industrial na Europa, fórmula de eliminar os riscos associados às políticas comerciais muito protecionistas, nomeadamente à aplicação de taxas aduaneiras às importações. De resto, Changan e Deepal, até já dispõem de centros de “design” internacionais, incluindo na Europa (encontra-se em Turim, Itália) e trabalham, diretamente, com todos os fornecedores de topo da indústria automóvel, muitos baseados no Velho Continente. Também por isso, nesta região, os primeiros Changan, todos elétricos, são comercializados como Changan Deapal. O nome não é de perceção fácil, mas garante a diferenciação necessária dos utilizados pela marca chinesa no mercado domés-tico. E, assim, comunicação mais simples dos argumentos de empresa que ambiciona reconhecimento por propor tecnologias e soluções inteligentes no que respeita à mobilidade sustentável, ou pelos compromissos com a investigação e a qualidade só para estes domínios, atividades em seis países e 10 localizações, e 16 centros de desenvolvimento, 17 companhias tecnológicas ou 180 laboratórios. A frase inscrita no “cartão de visita” é não admite margem para quaisquer dúvidas: “Criamos automóveis sofisticados e de qualidade que conseguem destacar-se no plano internacional”. Divisão Avatr na Europa em 2026 Em 2024, a Changan, em vendas, posicionou-se em 16.0 no “ranking” dos maiores fabricantes mundiais e vendeu cerca de 600.000 carros fora do mercado chinês. O plano para este ano é de aumento nas exportações para um milhão de unidades. A marca, globalmente, encontra-se ativa em mais de 90 países e regiões. Na agenda está, também, a introdução na Europa da Avatr, divisão “premium” criada em 2017 e que tem o fabricante de baterias CATL como acionista de referência e a empresa tecnológica Huawei como parceria para geração nova de assistentes eletrónicos à condução e sistemas de informação e entretenimento “apoiados” por Inteligência Artificial. No arranque da operação, previsto para o próximo ano, dois automóveis elétricos desenhados na Alemanha: o 11 (SUV) e o 12 (berlina). A empresa tem rede com 79 subsidiárias posicionada, estrategicamente, em todo o mundo, para aumentar a rapidez dos processos de desenvolvimento e responder de forma mais rápida às exigências de cada mercado. Os chineses trabalham com mais de 1100 fornecedores, estão comprometidos com a satisfação dos clientes e têm mais de 9000 pontos de assistência e venda. E, atualmente, empregam cerca de 120.000 funcionários. Changan Deepal S05 O representante em Portugal da marca chinesa não anunciou, ainda, os preços do s05, o segundo Changan Deepal com comercialização confirmada no nosso País, mas conhece-se o essencial de modelo que também tem o formato automóvel da moda (SUV) e modelo da BYD "debaixo de olho” (Atto 3). E este carro baseia-se na mesmíssima plataforma do S07 (EPA1) e também é desenhado em Itália, mas tem dimensões mais compactas, por medir "apenas" 4,620 m de comprimento e 2,880 m entre eixos. o Grupo Auto-Industrial, no caso do s05, já admite a importação da versão híbrida Plug-In, a classificação em Portugal de todos os carros equipados com tecnologia de extensão da autonomia (mecânica 1.5 a gasolina), que tem motor elétrico com 215 CV alimentado por bateria LFP com 27 kWh de capacidade, que permite quase 200 km de condução elétrico, segundo a homologação chinesa (CLTC), que é mais "permissiva" do que a europeia. No entanto, no arranque da carreira comercial, s05 somente elétrico e com tração traseira (200 kW/272 cv) e quatro rodas motrizes (320 cv/435 cv). A bateria LPF tem 68,8 kWh de capacidade e permite que a proposta menos potente (0-100 km/h em 7,5 s) percorra até 485 km entre recargas. Para a topo de gama (5,5 s), a promessa é de até 445 km. Independentemente da versão, para proteção da autonomia, 180 km/h de velocidade maxima. Para as operações de recarga, de 30% a 80% da capacidade de armazenamento, a Changan Deepal anuncia 15 minutos, num ponto rápido com 175 kW de potência. O S05 apresenta-se tão bem equipado como o s05, contando com a tecnologia de Head-Up Display com realidade aumentada e sistema multimédia com monitor de 15,4", que também é rotativo e permite comandos táteis e vocais, posicionado no centro do painel de bordo. Changan Deepal S07 E o primeiro automóvel elétrico da marca chinesa nova no nosso País. Tem preços a partir de 44.500 EUR, de acordo com a informação comunicada pelo representante no ECAR Show de Lisboa, mede 4,750 m de comprimento e 2,900 m entre eixos, e apresenta-se com motor síncrono de ímanes permanentes com 160 kW (218 cv) e 320 Nm alimentado por bateria de iões de lítio (química do tipo NMC) com 80 kWh de capacidade, o que permite reivindicar até 475 km de autonomia entre recargas, de acordo com o protocolo de homologação europeu (WLTP) 600 km em cidade, de acordo com o fabricante. o Grupo Auto-Industrial posiciona o s07 abaixo do BYD Seal U, mas o Sport Utility Vehicle (SUV) da Changan Deepal também pode apresentar-se como concorrente de Hyundai loniq 5, Skoda Enyaq, Tesla Model Y, Volkswagen ID.4 ou XPENG G6. O carregamento da bateria, de 10% a 80%, com corrente contínua e com cerca de 90 kW de potência máxima admitida, demora 48 minutos = 0% a 100% numa tomada doméstica com 11 kW. A marca anuncia 0-100 km/h em 7,9 s e velocidade maxima de 180 km/h. Este automóvel tem tração apenas às rodas traseiros e, no imediato, não há planos para a importação da versão com extensor de autonomia (motor 1.5 a gasolina) e 238 cv à venda no mercado chinês. o equipamento do s07 é abundante, principalmente nos campos das assistências eletrónicas à condução e da conectividade monitor central de 15,6" rotativo para o sistema multimédia, Head-Up Display com realidade aumentada, quatro modos de condução (Eco, Comfort, Sport e Customize), chave digital inteligente, tejadilho panorâmico em vidro, etc., etc., etc.! JOSÉ CAETANO