VIA VERDE: LIGAR, INTEGRAR, SIMPLIFICAR
2025-08-06 21:06:31

Acreditando que o futuro da mobilidade passa por sistemas interoperáveis, sustentados por tecnologia de ponta, cooperação entre entidades e um compromisso claro com a acessibilidade, a Via Verde aposta numa visão integrada para cidades mais inteligentes. Eduardo Ramos, CEO da empresa, defende a importância de estratégias inclusivas e destaca o papel crítico dos dados e da inovação no planeamento urbano. Qual tem sido o impacto das inovações da Via Verde na experiência de mobilidade dos cidadãos e de que forma caminham para uma mobilidade mais sustentável? A eficiência, a conveniência e a sustentabilidade são intrínsecas à Via Verde e continuam a orientar a nossa área de inovação, resultando num impacto significativo na experiência de mobilidade dos clientes. O nosso sistema de cobrança de portagens sem paragens é pioneiro a nível mundial e considerado uma das grandes invenções portuguesas da nossa era - elimina paragens, reduz o tempo de espera, contribui para diminuir as emissões dos veículos e promove uma maior fluidez do tráfego. A Via Verde tem evoluído para um ecossistema de mobilidade, expandido os seus serviços para incluir soluções de mobilidade urbana, como o pagamento de estacionamento, transportes públicos ou a utilização de scooters. Estas opções incentivam o uso de meios de transporte mais sustentáveis, reduzindo a dependência do automóvel particular e diminuindo a pegada ecológica. As pessoas não vão deixar de usar o transporte particular, mas podem, num só dia, usar várias soluções de transporte. O ecossistema da Via Verde oferece-lhes uma solução multimodal que permite optimizar o seu tempo nas deslocações. Que desafios técnicos e regulamentares existem para criar um sistema de mobilidade verdadeiramente interoperável entre diferentes regiões e operadores de transporte em Portugal? Os desafios são inúmeros. Uma verdadeira integração de sistemas requer, por exemplo, a integração da bilhética, da gestão de frotas e informação aos utilizadores. Se cada operador utilizar tecnologias e plataformas distintas será muito difícil criar uma interface comum. Mas diria que esse é o desafio menos difícil, pois as soluções tecnológicas são cada vez melhores. Num plano mais exigente, a regulamentação tem de estar mais uniformizada para uma verdadeira interoperabilidade. A criação de um sistema interoperável também exige coordenação entre várias entidades, incluindo autarquias, operadores de transporte e autoridades reguladoras, entre outros. Para isso, é necessária uma cultura de cooperação, com o cliente no centro das preocupações. Nesta área, ainda temos bastante para melhorar no nosso País. Como podem ser utilizadas as tecnologias de informação para influenciar comportamentos de mobilidade, incentivando o uso de transportes públicos ou deslocações fora das horas de pico? A tecnologia permite-nos receber cada vez mais dados, mas para sermos eficientes temos de os saber trabalhar. Se, à semelhança do que faz o Waze com o tráfego, tivermos uma aplicação que nos indique a forma mais rápida de chegar do ponto A ao ponto B, seja a pé, de autocarro, scooter ou automóvel, qualquer um de nós vai procurar o meio de transporte mais rápido. Temos é de ter informação fiável. Temos também de perceber que, por um lado, estas tecnologias ainda estão em desenvolvimento e, por outro, nem toda a população as consegue usar e aproveitar em pleno, por dificuldade de acesso ou por iliteracia digital. Acredito que nos próximos anos vamos ter uma verdadeira revolução na mobilidade, especialmente em ambiente urbano, e que cada vez mais pessoas vão contar com aplicações ou outras tecnologias para gerir de forma mais eficiente e rápida as suas deslocações. A digitalização tem um papel importante na mobilidade urbana. Como têm vindo a utilizar a tecnologia para melhorar a experiência dos cidadãos? A Via Verde utiliza a tecnologia para tornar a experiência de mobilidade dos clientes mais prática, eficiente e sustentável. A tecnologia está presente em toda a nossa cadeia de valor, mas duas tecnologias estão já hoje a transformar a maneira como nos deslocamos nas cidades, e vão ter um papel cada vez mais importante para termos sistemas de transporte mais eficientes, seguros e sustentáveis. A inteligência artificial, por um lado, pode ser usada para optimizar rotas de transporte público, prever congestionamentos e melhorar a gestão do tráfego, recorrendo intensivamente a dados e processos muito rápidos de aprendizagem e escalabilidade de aplicações. A conectividade de banda super-larga, por outro, vai permitir concretizar cada vez mais a mobilidade autónoma, com tudo o que isso implica para a gestão dos fluxos e do espaço urbano. Que estratégias podem ser implementadas para garantir que as soluções de mobilidade digital não excluam segmentos da população menos familiarizados com tecnologia, como idosos ou pessoas em situação de vulnerabilidade económica? A tecnologia está cada vez mais presente no nosso dia-a-dia e evolui a um ritmo muito acelerado, mas infelizmente, nem todas as pessoas conseguem acompanhar esta evolução. Na Via Verde, procuramos garantir soluções que permitam aos nossos clientes usar o nosso ecossistema e resolver os seus problemas. Mantemos lojas físicas, temos um site e uma aplicação adaptados para pessoas com deficiência. A acessibilidade aos nossos serviços é um factor crítico do nosso sucesso. Por outro lado, o serviço que prestamos tem preços muito acessíveis, com mensalidades ou anuidades pensadas para todos os orçamentos. De que forma os dados recolhidos através da tecnologia ajudam a Via Verde a contribuir para uma mobilidade urbana mais eficiente? Os dados vão desempenhar cada vez mais um papel fundamental na melhoria da eficiência da mobilidade urbana. Já oferecemos aos nossos clientes que se deslocam a Lisboa uma previsão de estacionamento livre muito precisa: é possível a um cliente que vai de Cascais para Lisboa saber onde vai poder estacionar o seu veículo. Queremos alargar este serviço a outros concelhos, e as nossas equipas de inovação estão a trabalhar noutras soluções que permitem cruzar mobilidade com geração de dados e, com esta relação, gerar ofertas de contexto para os clientes. Que condições devem existir no espaço público e no comportamento dos cidadãos para que as soluções de mobilidade urbana sejam eficazes? É essencial que existam infra-estruturas de qualidade, projectadas para acomodar diferentes modos de transporte e a sua relação com os peões, sem esquecer que um espaço público tem de ser acessível a todos, incluindo pessoas com mobilidade reduzida. É importante garantir, à semelhança do que faz a Via Verde, uma integração eficiente entre diferentes modos de transporte, tornando a mobilidade mais fluída. Posso ir de carro para o meu escritório, mas se tenho uma reunião do outro lado da cidade pode ser mais rápido, cómodo e prático ir de autocarro. Aqui a tecnologia tem um papel determinante porque permite melhorar significativamente a experiência dos utilizadores, seja em relação aos horários dos transportes públicos, condições de tráfego ou disponibilidade de transportes partilhados. A adopção de novas tecnologias, como aplicações, é também um facilitador da mobilidade. É ainda importante ter campanhas de sensibilização recorrentes e programas educativos que promovam comportamentos mais responsáveis e sustentáveis. Acredito que se tivermos uma oferta de mobilidade robusta, mais pessoas vão usar transportes públicos e modos suaves de mobilidade e com isso contribuir para cidades mais eficientes e menos poluidoras. Tudo isto sem "demonizar" o uso do transporte particular, devidamente descarbonizado, porque continuarão a existir casos de uso que fazem sentido. De que forma os sistemas de mobilidade urbana devem ser preparados para manter a operacionalidade durante situações de crise, como emergências sanitárias, eventos climáticos extremos ou desastres naturais, por exemplo? Os sistemas de mobilidade urbana são essenciais em situações de crise, seja para permitir o acesso a locais de abrigo ou hospitais, seja para garantir que as equipas de socorro se deslocam com segurança. É essencial investir na resiliência das infra-estruturas e na redundância de sistemas, nomeadamente de telecomunicações. Como vimos no "apagão" eléctrico, precisamos de sistemas de alerta eficientes e formas de comunicar com a população. Os operadores devem estar preparados para fazer ajustes nos serviços e adaptá-los à nova realidade, que pode ser pontual ou demorar algum tempo. Tal como é importante ter planos de contingência, também é importante ter planos de recuperação para voltar à normalidade possível rapidamente. Por fim, todos os agentes devem estar preparados para trabalhar em conjunto e oferecer soluções articuladas que permitam repor serviços e comunicações e responder às necessidades de mobilidade. Para isto é necessário investimento, planeamento e antecipação. Tal só acontece se existirem modelos de negócio sustentáveis, como sempre temos pautado o desempenho da Via Verde em Portugal e nos mercados internacionais em que operamos. Considerando as tendências globais como veículos autónomos, micro mobilidade e cidades inteligentes, qual deve ser a estratégia de Portugal para se posicionar como referência europeia em soluções de mobilidade urbana sustentável? Portugal tem a oportunidade de se posicionar como líder na estratégia abrangente que integra estas tendências globais. Temos infra-estrutura, excelentes universidades e um ecossistema de inovação muito dinâmico. Com o peso crescente da tecnologia e da cibersegurança, é prioritário investir em infra-estruturas tecnológicas seguras, que suportem a implementação de veículos conectados e autónomos, o que inclui investimentos em 5G, sensores inteligentes nas estradas e sistemas de gestão de tráfego avançados. A colaboração com universidades e start-ups, como temos na Via Verde, tem vindo a acelerar o desenvolvimento e adopção destas tecnologias e colocar Portugal na vanguarda da inovação. Adicionalmente, a Via Verde tem participado em vários projectos na área da mobilidade promovidos pela União Europeia, importantes para aferir tendências e potencial e, se for o caso, aprofundar desenvolvimentos e até implementá-los nos nossos serviços. As cidades inteligentes e sustentáveis são um pilar fundamental nesta mudança, pois integram tecnologias de informação e comunicação na gestão urbana para melhorar a eficiência dos serviços e a qualidade de vida dos cidadãos. A criação de plataformas digitais que agreguem informações sobre diferentes modos de transporte também pode facilitar a mobilidade e promover o uso de soluções mais sustentáveis. A Via Verde continuará a honrar o seu legado de inovação, trabalhando no futuro da mobilidade e sendo uma referência no sector, de Portugal para o Mundo. Este artigo faz parte do Caderno Especial "Mobilidade Urbana e Smart Cities", publicado na edição de Julho (n.º 232) da Executive Digest. Executive Digest