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CARROS ELÉTRICOS VENDEM COMO NUNCA NA UE, MAS A INDÚSTRIA ARRISCA MULTAS COLOSSAIS

TugaTech Online

2025-08-06 21:06:31

As vendas de automóveis elétricos na União Europeia (UE) estão a acelerar em 2025, mas este crescimento pode não ser suficiente para que os fabricantes de automóveis evitem um cenário de pesadas multas. Apesar de um aumento impressionante, a indústria está numa corrida contra o tempo para cumprir as rigorosas metas de emissões de CO? impostas por Bruxelas. Um crescimento recorde que sabe a pouco Os números do primeiro semestre de 2025 são animadores à primeira vista. Segundo os dados mais recentes da ACEA (Associação dos Construtores Europeus de Automóveis), as vendas de veículos elétricos cresceram 22% em comparação com o mesmo período do ano anterior, atingindo um total de 869.271 unidades. Este impulso permitiu que os elétricos alcançassem uma quota de mercado recorde de 15,6% na UE, um valor consideravelmente acima dos 13,6% registados no final de 2024. No entanto, para a indústria, estes números estão longe de ser confortáveis. A pressão das metas de CO2 é o verdadeiro desafio O problema reside nas metas de emissões de dióxido de carbono. Para evitar coimas avultadas, os construtores precisam de vender um volume muito maior de veículos elétricos. Analistas e executivos do setor estimam que, para a indústria estar em conformidade, a quota de mercado dos elétricos deveria situar-se entre os 20% e os 22%. Isto significa que as vendas atuais estão 30% a 40% abaixo do necessário, um desafio gigantesco para o setor. Embora a UE tenha adiado a avaliação do cumprimento das metas para o final de 2027, calculando a média com base nos anos de 2025, 2026 e 2027, um mau desempenho agora apenas obriga a um esforço ainda maior nos anos seguintes. Descontos agressivos como resposta desesperada Para estimular as vendas, muitos fabricantes têm recorrido a campanhas de descontos agressivas nos seus modelos elétricos. Em simultâneo, os preços de alguns modelos a combustão foram aumentados para compensar a perda de rentabilidade. A Alemanha, o maior mercado europeu, é um exemplo claro: mesmo sem incentivos governamentais desde o final de 2023, as vendas de elétricos bateram recordes no primeiro semestre de 2025, impulsionadas por estas estratégias. O que pode acontecer na UE já tem um paralelo no Reino Unido. Sem incentivos, mas com uma quota de vendas imposta pelo governo de 22% em 2024, estima-se que o setor tenha perdido mais de cinco mil milhões de euros em receitas para financiar descontos. Mesmo assim, a meta não foi atingida, com a quota dos elétricos a ficar-se pelos 19,6%. O dilema: perder lucros ou pagar multas? Os construtores enfrentam um dilema financeiro. Ou arriscam perdas significativas na rentabilidade para aumentar as vendas de elétricos, ou enfrentam multas que podem comprometer a sua viabilidade. Luca de Meo, CEO do Grupo Renault, estimou que as coimas para a indústria automóvel europeia poderiam atingir os 15 mil milhões de euros em caso de incumprimento. Um estudo da Dataforce no final de 2024 indicava que a Ford e o Grupo Volkswagen estavam entre os mais distantes de cumprir as metas. Contudo, o cenário para o grupo alemão poderá estar a mudar. No primeiro semestre de 2025, cinco dos dez elétricos mais vendidos na UE pertenciam ao Grupo Volkswagen, todos com aumentos de vendas significativos, em grande parte devido às fortes campanhas promocionais. "Emission pools": a união para fugir às coimas Para facilitar o cumprimento das metas, a UE permite a formação de grupos, as chamadas emission pools, que juntam as emissões de vários fabricantes para um cálculo conjunto. Esta tem sido a via de escape para muitas marcas. A Tesla, sendo 100% elétrica, tem créditos de emissões para "vender", e gigantes como a Stellantis, Toyota, Ford, Subaru, Mazda, Honda e Suzuki já anunciaram a intenção de se juntar à marca norte-americana. Noutro agrupamento, a Mercedes-Benz uniu-se à Volvo, Polestar e Smart. Segundo o Automotive News Europe, estes grupos já receberam luz verde da Comissão Europeia, numa estratégia que se revela crucial para a sobrevivência financeira de muitos construtores na era da eletrificação. [Additional Text]: elétrico a carregar