O conselho da Tesla reintegrou Elon Musk como o CEO mais bem pago da história, com um novo e impressionante pacote salarial de 29 mil milhões de dólares, avançou esta terça-feira a publicação Fortune: o seu novo acordo com o fabricante de veículos elétricos de 970 mil milhões de dólares surgiu depois de um juiz do Delaware ter rescindido duas vezes a anterior mega-subvenção de Musk. A remuneração de Elon Musk é objeto de uma batalha judicial há anos. Um plano, aprovado em 2018 em assembleia extraordinária pela Tesla, previa a entrega a Musk de ações da Tesla em função do cumprimento de vários objetivos ao longo de dez anos. Quando foi adotado, estava estimado em cerca de 56 mil milhões de dólares. Porém, uma juíza de Delaware anulou o plano em janeiro de 2024. Esta considerou que os acionistas tinham recebido informações "erradas" e "enganosas" sobre o conselho de administração e o comité de remuneração, antes da assembleia geral em que o plano foi aprovado. No entanto, em meados de junho de 2024, o megaplano de remuneração foi novamente validado pelos acionistas da Tesla e em dezembro de 2024, foi novamente rejeitado pela justiça de Delaware. "É fundamental reter e motivar os nossos extraordinários talentos, começando pelo Elon", escreveram a presidente do conselho de administração da Tesla, Robyn Denholm, e a sua colega administradora, Kathleen Wilson-Thompson, numa carta aos acionistas. Mesmo neste grupo restrito, "ninguém se compara" a Musk, escreveram os membros do conselho. Por isso, o prémio de quase 30 mil milhões de dólares é essencial para manter Musk focado na Tesla - e fazê-lo recrutar novos talentos para manter o fabricante automóvel elétrico competitivo, indicou o conselho de administração. Ao contrário do plano de remuneração anterior de Musk, que incluía obstáculos significativos de valor para os acionistas que ele precisava de ultrapassar, tudo o que Musk precisa de fazer para receber o novo prémio é permanecer na Tesla como CEO ou numa função executiva sénior durante os próximos dois anos. Também precisa de manter as ações até 2030, de acordo com os termos da concessão, o que aumentará a sua participação acionista de cerca de 13% para 15%. Face ao problemas legais, a Tesla - que recorreu da decisão - criou um comité especial encarregado de estudar a questão. "O comité especial e o conselho de administração deliberaram cuidadosamente sobre a decisão de conceder esta recompensa provisória num contexto marcado pela guerra cada vez mais intensa por talentos em inteligência artificial e pela posição crítica da Tesla num ponto de inflexão crucial", argumentou a Tesla na plataforma X cujo dono é também Elon Musk. "Para reconhecer o que Elon realizou e o valor extraordinário que trouxe à Tesla e aos nossos acionistas, acreditamos que é necessário tomar medidas para honrar o acordo celebrado em 2018. Afinal "um acordo é um acordo", afirma a Tesla. "Musk continua a ser o principal trunfo da Tesla e esta questão da remuneração tem sido uma preocupação constante dos acionistas desde o início da saga de Delaware", comentou um analista da Wedbush Securities numa nota. Elon Musk é o 4º mais poderoso do mundo para a Fortune O ranking da Fortune de 2025 das 100 pessoas mais poderosas do mundo nos negócios foi divulgado esta terça-feira: ao contrário de apenas receita ou capitalização de mercado, o poder é um conceito mais complexo, no qual foi calculado não apenas o tamanho dos negócios de cada pessoa, mas também a saúde das suas empresas, bem como a sua inovação, influência, impacto e onde se encontra no arco da sua carreira. Por esses critérios, o CEO da Nvidia, Jensen Huang, ficou em primeiro lugar na lista deste ano. Além de criar chips de computador especializados, cobiçados por empresas que desenvolvem inteligência artificial, está na linha de frente de uma tecnologia que está a mudar o próprio cenário global de negócios. O poder não é permanente. Elon Musk liderou a lista do ano passado não apenas pelos seus papéis na Tesla, SpaceX, xAI e X, mas também pelo seu trabalho no Governo Trump. Isso mudou. Este ano, Musk está em 4º lugar na lista. Na descrição da Fortune, Elon Musk "pode ser um empreendedor visionário, mas a sua breve passagem pelo Governo dos EUA mostrou que ele é menos eficaz na política. Depois de ajudar a impulsionar Donald Trump à presidência através de doações sem precedentes e apoio nas redes sociais, Musk passou os primeiros cinco meses do ano como um dos principais conselheiros e defensor do "Departamento de Eficiência Governamental" - uma agência federal renomeada que tenta cortar gastos do Governo e conter o desperdício". "Embora o DOGE alegue ter cortado cerca de 200 mil milhões de dólares em contratos governamentais, erros e uma escassa documentação deixam o histórico real do departamento um tanto obscuro. O tempo de Musk na política agora tem sido caracterizado por uma desavença pública com Trump nas redes sociais e transformou Musk numa figura política polarizadora, prejudicando a marca Tesla e contribuindo para a queda nas entregas anuais da empresa", relatou a publicação. "Mesmo com Musk tendo passado menos tempo nas suas diversas empresas este ano, houve um progresso notável. A SpaceX implementou continuamente voos de teste do megafoguete Starship; a Tesla cumpriu o prazo agressivo de junho para lançar um serviço limitado de táxi autónomo em Austin; E em agosto, a Neuralink implantou os seus chips de interface cérebro-computador em nove humanos. Mesmo por entre a controvérsia que o cerca, Musk continua a ser um dos empreendedores mais importantes e influentes dos EUA", concluiu a Fortune. Executive Digest