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SEGURANÇA FERROVIÁRIA OPINIÃO

Cidade de Tomar

2025-08-04 21:06:10

OJornal Público, em 20/07/2025, editou um trabalho intitulado “Critical Software lança sistemas de segurança ferroviária para Portugal”. No texto do artigo reconhece-se que a ferrovia tem muitos problemas em Portugal, alguns conhecidos do grande público, mas há um que é desconhecido, o que tem a ver com o Controle de Velocidade (Convel), sistema criado exclusivamente para Portugal. Um sistema que pretendeu ajudar ao desempenho dos maquinistas e garantir a condução segura dos comboios, hoje está obsoleto e condenado pelas novas exigências da União Europeia, por consequência do mercado único europeu ferroviário, com a sinalização de todas as linhas ferroviárias portuguesas a serem integradas ao futuro sistema europeu ferroviário. Só os portugueses é que preten- diam e pretendem ficar de fora do TGV e do mercado único ferroviário europeu. Como diz o Público, “é aqui que entra a empresa Critical Software (CS), que após seis anos de investigação (eu, começada antes da CS vir para Tomar, em 2019), apresentou a solução ETCS+STM (European Train Control System+Spec i fci Transmission Module) que permite modernizar a ferrovia nacional e assegurar a conformidades com os padrões europeus”, o que será feito em parceria com a japonesa Hitachi, a Alpha Trains, a Medway e a suíça Stadler. Segundo o CEO da CS, Gonçalo Quadros, este produto é talvez o único destinado ao mercado português, à Medway e à CP-Comboios de Portugal, não podendo “ser vendido fora” da geografia portuguesa. Apesar da sua importância para a seguran-ça dos comboios portugueses, aquele produto, criado e desenvolvido apenas em Coimbra, tem pouco relevo na faturação da CS, “que facturou 130 milhões em 2024” - (eu, a CS saiu de Tomar em junho de 2024). Presentemente, a CS tem 1400 trabalhadores, repartidos por Coimbra (sede da empresa), Lisboa, Porto, Viseu e ainda nos escritórios de Munique (Alemanha), Suthampton (Reino Unido) e Boston (EUA). Entende-se porque é que a CS, em junho de 2024, anunciou que para se desenvolver tinha de sair de Tomar. Posteriormente a esta saída tomou-se conhecimento da ligação da CS: à Agência Espacial do Reino Unido; à formação de uma “joint-venture” com a BMW, com participação em partes iguais, onde se empregam 3000 trabalhadores;à“joint-venture”com a Airbus, onde desenvolve soluções tecnológicas para os aviões desta; e outra com a Dassault francesa. Segundo a CS, a sede do seu centro de engenharia terá lugar em Coimbra, no edifício de uma velha tipografia a ser recuperado pra esse efeito. Recordo que, ao longo de anos, neste Jornal, critiquei a política seguida e desejada para Tomar quanto à sua reindustrialização e desenvolvimento. Avisei que Tomar se estava a colocar fora da realidade, pelo que pagaria muito caro. Fui muito criticado, o tempo deu-me razão. Tomar não criou qualquer base de desenvolvimento sustentável, nem tem empresas novas e dinâmicas com massa crítica. Disseram que Tomar nuca mais teria empresas com a dimensão e o número de trabalhadores iguais às empresas que outrora aqui existiram. A CS, que esteve no Politécnico de Tomar entre 2019 e 2024, com outra massa crítica, adaptada aos novos tempos, demonstra o erro e o irrealismo dessa afirmação ao partir de To- mar. Em Tomar voltarão, ou não, a localizar-se empresas com massa crítica? Sérgio Martins