Estamos com umc sensação de déjà vu: os glosses, lápis de lábios e outros produtos de maquilbagem dos quais não nos cansávamos nas décadas de 1990 e2000 tornaram-se, novamente, objetos de desejo. A culpa é da nostalgia, claro. A vida era especialmente boa quando tínhamos apenas de terminar os trabalhos de casa até às 18h59, para garantir que não perdíamos um segundo dos Morangos com Açúcar, praticar vezes sem conta o movimento de anca de Shakira em Wben-ever, Wberever ou apanhar as nossas músicas preferidas na MTV. Não sabíamos o que era o IRS ou quanto custa um quilo de maçãs no supermercado e, por isso, éramos felizes. Nós e o mundo inteiro ou não existiria uma forte nostalgia associada às décadas de 1990 e 2000, tantas vezes revividas, em particular em momentos de maior incerteza e insegurança. Não é por isso surpreendente que, numa época em que as palavras "conflito", “recessão” ou “tensão” teimam em destacar-se, recordemos com especial carinho a nossa infância e juventude, numa busca por conforto e paz. Enquanto tentamos (sobre)viver à vida adulta, buscamos alegria em pequenas coisas como um bronzer que usávamos na adolescência ou o gloss sem o qual não saíamos de casa, influenciadas por Britney Spears ou Paris Hilton. E as marcas sabem-no. Discos pedidos Exatamente por isso, resgataram do fundo do baú itens outrora obrigatórios para qualquer apaixonada por maquilhagem alguns deles já descontinuados , e tornaram-nos novamente objetos de desejo. Falamos, por exemplo, da icónica paleta de sombras Naked, da Urban Decay, que, muito antes de conseguirmos sequer imaginar o que seria O Instagram ou o TikTok, ganhou um lugar no coração de todas as beauty lovers. Em apenas oito anos, desde o lançamento até sair das prateleiras, em 2018, foram vendidas mais de 30 milhões de unidades, uma a cada seis segundos. Teve um impacto inegável em toda uma geração que nunca esqueceu este Santo Graal da beleza. Nem conseguiria, mesmo que quisesse. No ano passado, a marca relançou-o, numa versão de edição limitada, com as mesmas tonalidades neutras, mas em fórmulas mais cremosas, duradouras e fáceis de esbater. O pincel incluído também foi reformulado, sendo agora livre de crueldade animal. Porém, é apenas um exemplo. A pedido do público, também a The Ordinary trouxe de volta a sua base em sérum, durante um período limitado, apenas dois anos após descontinuar a sua linha de maquilhagem. O mesmo aconteceu com o lápis de lábios no tom Cool Spice, da MAC, conhecido como o “lip liner com a tonalidade fria perfeita”. Depois de vários makeup artists e entusiastas pelo universo da beleza tentarem encontrar alternativas noutras marcas sem sucesso, a insígnia anunciou o regresso deste que é, de acordo com a própria, o produto número 1 em vendas nalguns países. Um ciclo sem fim Chega também numa altura em que os lápis de lábios se tornaram imprescindíveis em qualquer maquilhagem. Kylie Jenner começou a cimentar esse caminho já em 2015, ano em que lançou os lip kits, compostos um por um lip liner e um batom líquido no mesmo tom. Porém, esse visual monocromático deu lugar a um contraste entre a linha que delimita a boca e os lábios em si, numa clara referência à década de 90. Inspiradas em Victoria Beckham, Naomi Campbell ou Pamela Anderson, damos uma oportunidade ao look, em tons ora mais acastanhados, ora mais rosados, tal como Rihanna, Doechii ou Hailey Bieber fazem nas passadeiras vermelhas. Esta última chegou mesmo a lançar, na sua insígnia Rhode, os peptide lip sbape, que contornam, conferem dimensão e potenciam a hidratação dos lábios, graças aos péptidos presentes na lista de ingredientes. Também os lábios cintilantes e volumosos conseguidos com um gloss, que conquistaram os anos 2000 pelo seu brilho sumptuoso e, tantas vezes, aroma e sabor frutado inesquecível, voltam a abrir caminho até às bolsas de maquilhagem. a boleia da tendência, avistada nos desfiles de Elisabetta Franchi, Ferrari ou Peter Do, a Lancôme relançou os clássicos Juicy Tubes, descontinuados em 2018 e que agora reavivam as memórias mais doces e suculentas. Já o olhar é pintado em tons pastel, nomeadamente azul, de forma nostálgica. Afinal, a saudade é um refúgio da realidade, que õnos transporta, sem uma máquina do tempo, para tempos felizes. E não há nada melhor. LUISA BECCARIA RHODE FERRARI ELISABETTA FRANCHI GCDS KYLIE JENNER THE ORDINARY Inês Aparício