Especialistas nacionais e internacionais da área do ambiente e das alterações climáticas reuniram-se nos dias 28 e 29 de julho, em Almancil, no Pavilhão Multiusos 25 de Abril, para participar na VIII edição da Energy & Climate Summit. Sob o tema "Natureza e Clima: A Urgência de Agir", o encontro destacou a necessidade de implementar medidas concretas para enfrentar a crise climática e proteger os ecossistemas. A sessão de abertura, realizada na terça-feira, contou com a presença da Ministra do Ambiente e Energia, Maria da Graça Carvalho. Organizado conjuntamente pelo Município de Loulé e pelo Fórum da Energia e Clima, o evento colocou em debate temas centrais como a implementação de políticas de ação climática para a conservação da natureza, ecossistemas em risco, soluções inovadoras para a sua proteção e estratégias eficazes de comunicação, sensibilização e participação cívica. Em matéria de proteção ambiental e na luta contra as alterações climáticas e transição energética os problemas estão identificados e as metas definidas, e a prioridade absoluta tem que ser dada à concretização das medidas, frisou a responsável governamental no discurso de abertura. "Executar, executar, executar!" são, de acordo Maria da Graça Carvalho as grandes prioridades do Governo. Ministra do Ambiente e Energia, Maria da Graça Carvalho A Ministra enumerou algumas ações desenvolvidas nos últimos 14 meses, como a criação da Agência para o Clima, a nova estratégia nacional para a gestão da água, a revisão da Estratégia Nacional da Conservação da Natureza e da Biodiversidade, uma abordagem renovada à gestão de resíduos e a revisão do Plano Nacional de Energia e Clima 2030. No que diz respeito ao Algarve, destacou a importância da criação de áreas marinhas protegidas, que deverão cobrir brevemente 30% da região, com uma nova zona classificada a 200 km a sudoeste da costa algarvia. Alertou ainda para a necessidade de proteger os valores naturais e o litoral: "As praias são os maiores valores que o Algarve tem". A propósito do arranque iminente da construção da dessalinizadora em Albufeira, considerou a questão da água como estratégica para a região, historicamente afetada pela escassez hídrica. Já no plano da transição energética, defendeu uma aposta mais forte no setor dos transportes, nomeadamente no reforço da rede ferroviária e dos transportes públicos urbanos. Durante o encontro, o presidente da Câmara Municipal de Loulé, Vítor Aleixo, apresentou o percurso de dez anos de políticas locais de ação climática. Loulé foi o primeiro município do país a aprovar um Plano Municipal de Ação Climática, em fevereiro de 2022, e desde então tem implementado diversas medidas: construção de mais de 50 quilómetros de ciclovias, instalação de 80 centrais fotovoltaicas públicas, criação da Reserva Natural Local da Foz do Almargem e Trafal, e o avanço do processo de classificação do Geoparque Algarvensis junto da UNESCO. Presidente da Câmara Municipal de Loulé, Vítor Aleixo O autarca destacou também a importância do ativismo cívico, recordando a oposição bem-sucedida da sociedade civil à prospeção de petróleo e gás no Algarve. Ricardo Campos, presidente do Fórum da Energia e Clima, considerou Loulé "um município inspirador", onde a ação climática local tem potencial para ser replicada noutros pontos do país. Durante a cimeira, foram ainda apresentados projetos emblemáticos como "As Árvores na Nossa Cidade", promovido pelo Município de Loulé e pelo CEiiA, no âmbito do Digital Innovation Hub. Destaque ainda para a assinatura da declaração da Rede de Guardiãs da Natureza e do Mundo Rural e do Manifesto do Movimento das Mulheres pelo Clima. Outro dos momentos foi distribuição, pelos presentes, do livro "Desertificação em Portugal", de Maria José Roxo. - Publicidade - Jéssica Mestre