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COORDENADO POR SANTOS SILVA, CONSELHO ESTRATÉGICO DO PS CONTARÁ COM MEDINA, FERRO E VITORINO

Público Online

2025-07-30 20:55:06

Novo órgão do PS agrega nomes da esquerda até à democracia cristã e arranca em Setembro reflexão sobre o país que se pretende ter em 2050. Vai produzir propostas em meados do próximo ano. Humanistas, democratas-cristãos, sociais-democratas, socialistas: José Luís Carneiro quer mostrar que o PS é a "grande casa da democracia" e que o seu pensamento estratégico pode ser construído por todos. Por isso, chamou para o conselho estratégico, o órgão consultivo que prometeu criar quando se tornou secretário-geral há um mês, um leque variado de nomes com inclinações políticas mas cujo objectivo é "pensar o país e o mundo com 2050 no horizonte". São 94 nomes de peso da sociedade, da política, do mundo empresarial, da academia e da política onde se contam 27 antigos ministros, diversos secretários de Estado, mas também empresários, gestores, cientistas, docentes, artistas, ou líderes associativos que irão ajudar a "criar pensamento político estratégico, sustentado em evidência, inovação e diálogo com a sociedade, alinhado com os valores do socialismo democrático". O coordenador-geral será Augusto Santos Silva, que depois irá convidar para a direcção executiva os responsáveis temáticos. Santos Silva foi o nome mais "consensual" que Carneiro ouviu para o lugar e o líder socialista lembrou que o antigo ministro e ex-presidente da Assembleia da República conduziu a revisão da declaração de princípios do partido e "tem um percurso histórico que vem desde os governos de António Guterres", além da "transversalidade de funções" que já assumiu, elogiou. Será uma espécie de governo-sombra? José Luís Carneiro enjeita esse caminho, preferindo dizer que na lista há personalidades para "vários" executivos e não apenas um, tendo em conta os currículos, a experiência e a vida académica. "Quero contar com a mundividência de cada um para me ajudarem a ver e a entender o mundo e encontrar os melhores caminhos (...) para enfrentarmos os desafios do nosso tempo e os que virão", apontou José Luís Carneiro nesta terça-feira à tarde, na sede do PS, em Lisboa, onde mais de metade das personalidades assinou uma espécie de documento de posse. O grupo poderá ainda ser alargado. O líder do PS deixou-lhes já o caderno de encargos: a intenção é reflectir e desenhar propostas para uma "nova economia" mais moderna e que crie mais riqueza, para a "modernização das funções sociais do Estado", mas também para que este cumpra funções nas áreas da Defesa, Segurança e Justiça (as mesmas em que Carneiro disse querer fazer acordos de regime com o Governo). A que juntou o reforço da autonomia energética e a transição climática, o combate à pobreza, a descentralização e a coesão territorial, e a posição de Portugal na Europa e no Mundo - na prática, quase um programa de Governo. "Este conselho é um ponto de partida, não um ponto de chegada", salientou Carneiro. "Estamos aqui porque todos nós queremos um país exemplar, aberto ao mundo, cosmopolita, capaz de se afirmar e competir à escala global sem esquecer o objectivo de promoção da justiça social", acrescentou. De Carlos Tavares a Lobo dÁvila O novo órgão consultivo de Carneiro irá "reflectir, propor, debater e iluminar caminhos", funcionando como um "espaço de ideias" e um "laboratório de futuro". Na lista há antigos governantes socialistas (secretários de Estado e ministros), desde os executivos de António Guterres até aos de António Costa, antigos deputados e eurodeputados, mas também nomes do mundo empresarial, da ciência, da academia ou da cultura. Contam-se, por exemplo, o antigo secretário-geral e ex-presidente do Parlamento Eduardo Ferro Rodrigues, a antiga presidente do PS Maria de Belém Roseira, António Vitorino, Fernando Medina, José António Vieira da Silva, a actual e o antigo líder da Juventude Socialista, Sofia Pereira e Miguel Costa Matos, Isabel e João Soares, o gestor Carlos Tavares, o ex-vice-presidente do CDS Filipe Lobo dÁvila, o ex-presidente do Governo açoriano Vasco Cordeiro. "Este conselho estratégico é sinónimo de abertura, de diversidade e de pluralismo. Somos um partido do centro-esquerda, mas temos aqui pessoas que estão à esquerda do PS e até personalidades que provêm do humanismo democrata-cristão, como Filipe Lobo dÁvila", descreveu José Luís Carneiro, apontando que isso mostra que o PS "é a grande casa da democracia". E assinalou que além de haver representantes de todos os sectores de actividade também permitirá um "diálogo intergeracional". E Carneiro apontou alguns nomes, como o empresário José Teixeira, do grupo DST; o ex-gestor da Renault-Nissan e da Stellantis, Carlos Tavares, "uma das personalidades que mais sabe sobre indústria automóvel"; José Manuel Castanheira, "um dos maiores cenógrafos portugueses", Ana Paula Laborinho, que presidiu ao Instituto Camões. E acrescentou os reitores das universidades do Porto e de Braga, assim como do Iscte. Entre os antigos ministros contam-se também Adalberto Campos Fernandes e Correia de Campos (Saúde), Alberto Martins (Justiça), António Costa e Silva, Pedro Siza Vieira e Manuel Caldeira Cabral (Economia); Eduardo Marçal Grilo, Maria de Lurdes Rodrigues e Tiago Brandão Rodrigues (Educação). tp.ocilbup@sepol.airam Maria Lopes