A Mercedes atravessa um dos períodos mais críticos da era híbrida. Após um fim-de-semana desapontante em Spa-Francorchamps, a estrutura de Brackley convocou uma reunião de emergência para analisar o colapso técnico da W16, cujo rendimento tem vindo a deteriorar-se de forma contínua. Apesar do sexto lugar conquistado por George Russell na corrida de domingo, a análise interna centrou-se na instabilidade da traseira do Flecha de Prata, no desequilíbrio generalizado do monolugar e nos desenvolvimentos introduzidos nas últimas provas, que parecem ter acentuado os problemas em vez de os resolver. "Estamos a afundar-nos num ciclo de degradação da performance que exige uma reavaliação completa das nossas decisões técnicas", admitiu uma fonte ligada ao departamento de chassis. A sucessão de sinais preocupantes - sobretudo em contextos de temperaturas mais baixas, onde se previa um desempenho mais sólido - indicia falhas estruturais no conceito base do carro. A directiva técnica da FIA em vigor desde o Grande Prémio de Espanha, que obrigou a uma reformulação da asa dianteira, também está sob escrutínio, por ter alterado o equilíbrio aerodinâmico em alta velocidade. O início de época deixara antever um cenário diferente. Com quatro pódios nas primeiras seis corridas e uma vitória em Montréal, Russell chegou a posicionar-se como adversário directo da McLaren. Mas o rendimento da W16 deteriorou-se progressivamente, ao ponto de a equipa não conseguir manter o confronto com Ferrari e Red Bull de forma consistente. O fim-de-semana em Spa foi ilustrativo: a falta de ritmo nas sessões sprint, a recuperação isolada de Russell no sábado e a ausência de soluções claras para as fragilidades estruturais do carro. Kimi Antonelli, por seu lado, permaneceu arredado da luta pelos primeiros lugares durante todo o evento. Face a este quadro, não está excluída a possibilidade de a equipa recuar nalguns dos desenvolvimentos recentes e reverter certas escolhas técnicas. O objectivo imediato é estabilizar o comportamento da W16 e recuperar uma base de trabalho fiável até ao final da temporada. "Se não identificarmos o que correu mal, arriscamo-nos a prolongar esta espiral negativa para 2026", reconheceu outro elemento da equipa técnica. A Mercedes, que no início do ano surgia como segunda força do campeonato, entra assim na pausa de Verão mergulhada numa crise técnica. Cpidt