A Bentley tem superprodução nova: chama-se EXP 15 e promove mudança radical na imagem da marca de automóveis de luxo propriedade do Grupo Volkswagem. O primeiro carro a beneficiar desta transformação é um Sport Utility Vehicle (SUV) com motorizações elétricas, as primeiras do fabricante de Crewe, Inglaterra. O início da produção está programado para 2026. Aprocura de motorizações elétricas no mercado dos automóveis de luxo continua aquém das expectativas, razão por detrás de decisão da Ferrari de adiar para 2028 a produção do segundo desportivo sem mecânica de combustão interna (a marca italiana, todavia, mantém a promessa de apresentar o primeiro durante o próximo ano...), mas a Bentley, que ainda não tem este tipo de proposta na gama, prepara-se para responder à mudança de paradigma imposta à indústria pelas autoridades europeias! E o estudo EXP 15 antecipa-nos futuro que traz, também, mudanças na imagem de marca que pretende tornar-se mais moderna, mas preservando “todos Os elementos que permitem um reconhecimento imediato da identidade”, explica Robin Page, o Diretor de Design do construtor. A Bentley, com a equipa de Page, que trabalha coordenada com a administração e o departamento de engenharia, prepara geração nova de automóveis, que integra, por exemplo, o primeiro elétrico do construtor fundado há 106 anos e propriedade do Grupo Volkswagen desde 1998. E O carro prometido para o próximo ano integra elementos de estilo experimentados no EXP 15. O “Electric Urban SUV” concebido sob o nome de código K1 tem o formato da moda em quase todos os mercados de referência, é mais pequeno do que o Bentaya (5,141 m de comprimento e 2,992 m entre eixos na configuração “standard”) e baseia-se na variante Sport da Scalable Systems Platform (SSP) com que o consórcio alemã pretende reduzir o número de arquiteturas técnicas para elétricos (antecipa-se, assim, o ponto final na MEB e na PPE), por passar a contar com base muito moderna para carros com potências de 115 cv a 1700 cv! Originalmente, a Bentley planeava apresentar o primeiro automóvel elétrico ainda em 2025, mas a marca travou o ritmo de desenvolvimento do programa, a exemplo do que fez a Ferrari, para reavaliar o comportamento do mercado no que respeita à procura da tecnologia, decidindo, simultaneamente, acelerar os investimentos na produção de carros com motorizações híbridas Plug-In (PHEV). “Adaptámo-nos ao mercado e mudámos a estratégia para contarmos com portefólio mais equilibrado entre elétricos e híbridos com e sem recarga externa das baterias”, diz o diretor da marca, Frank Walliser. O EXP 15 tem estreia marcada para 8 de agosto, na Semana do Automóvel de Monterey, certame organizado, anualmente, na Califórnia, EUA, e que inclui, entre ou-tras atividades, o Concurso de Elegância de Pebble Beach. Inspirado no Speed Six de 1928 Robin Page & Cia., na conceção do EXP 15, precisamente para criarem automóvel com desenho novo que mantivesse elementos identitários da Bentley, inspiraram-se no Speed Six de 1928 , fizeram-se apenas 182 até 1930, todos com motores de 6 cilindros em linha e 6,5 litros. Entre as proezas, vitórias nas 24 Horas de Le Mans de 1929 e 1930. De acordo com diversas fontes, este estudo pode antecipar-nos a imagem da limusina com que a marca inglesa pretende substituir o Mulsanne que parou de produzir em 2020, de forma a contar com concorre direto do Phantom da Rolls-Royce, outro fabricante britânico propriedade de consórcio alemão, no caso o Grupo BMW. O Flying Spur, em 2024, representou cerca de 25% dos registos dos britânicos, que entregaram 10.643 carros em todo o mundo. ? isto significa que os dois Continental GT (Coupé e Cabriolet) e o Bentayga são mais importantes para a marca do que qualquer berlina ou limusina. Mas, independentemente do que antecipa, e embora a empresa assegure que não há plano para fazer automóvel igual ou semeIhante, o que vale o que vale, devido à impossibilidade técnica e ao irrealismo financeiro de produção de muito do que é apresentado em protótipos, o EXP 15, como o EXP 9 F de 2012 (Bentayga, 2015) ou O EXP 10 Speed 6 de 2015 (Continental GT, 2018), representa ponto de partida para capítulo novo na história da Bentley. E prova-o a reinterpretação tanto das asas de falcão peregrino como do “B” no logotipo da marca. O EXP 100 GT de 2019 teve só a missão de comemorar os 100 anos da empresa criado num subúrbio de Londres pelos irmãos Walter Owen Bentley e Horance Millner Bentley, missão que cumpriu condignamente, também por introduzir o tema da eletrificação (tinha motores nas quatro rodas alimentados por bateria que permitia anunciar autonomia de até 700 km; reivindicavam-se, ainda, 1400 cv, arranque o a 100 km/h em 2,5 s e velocidade máxima de 300 km/h). O objetivo do EXP 15 é, portanto, experimentar ideias para as berlinas do futuro no mercado do luxo, considerando o contexto de aumento contínuo da popularidade dos “crossovers” e dos SUV, por existirem cada vez mais adeptos das posições de condução sobrelevadas, que proporcionam uma sensação de domínio da estrada, explicou Robin Page, que regressou à Bentley em 2023, empresa em que trabalhou 17 anos na conceção de interiores, após passagem pela Volvo. Esta mudança nas preferências dos consumidores cria dificuldade aos fabricantes que estavam mais habituados a outros formatos, encontrando-se aqui a explicação para a conceção de “fastback” com mais altura ao solo, e inspirado na versão “Blue Train” do Speed Six. No habitáculo, tão-somente três lugares Neste ponto, abertura de parêntesis para contar a história da origem da “alcunha” Blue Train... Em março de 1930, o industrial e piloto britânico que comandava os destinos da Bentley, Woolf Barnato, ao volante do Speed Six, propôs-se cumprir a viagem entre Cannes, no Sul de França e Londres, em Ingla-terra, mais depressa do que a deslocação do “Le Train Bleu” (o comboio azul, numa tradução literal) entre a mesma cidade e Calais, na região francesa da Normandia, no Norte do país. ? foi bem-sucedido, cumprindo o percurso em cerca de 22 horas e chegando à capital do Reino Unido antes do expresso popular entre a elite europeia da época chegar ao destino! O estudo EXP 15 mantém o “capot” muito longo dos Bentley da década de 1930, o que significa que há compartimento de carga dianteiro com capacidade acima da média, devido à arrumação da bateria entre os eixos e sob o piso do automóvel. A marca não anunciou especificações técnicas para este protótipo, mas disse que o carro tem 5,4 m de comprimento, propulsão elétrica e, ainda, programa inteligente de tração integral. E O habitáculo diferencia-se pela originalidade da configuração, uma vez que apresenta apenas três lugares, por não contar com o banco dianteiro para o passageiro! Isto permitiu criar espaço luxuoso na zona posterior do interior, onde há banco que gira até 450 para o exterior, movimento que facilita bastante as entradas e saídas de interior com painel de bordo que combina elementos digitais e físi-Cos = superfície de vidro funciona como interface para ativação e desativação de diversas funções do automóvel e, desligando-se este programa, ganha a forma de revestimento em madeira nobre. “E a nossa convicção: as pessoas, talvez mais depressa do que pensamos, acabarão por cansar-se de tanta experiência digital e queixar-se-ão da falta dos elementos físicos mecânicas”, explica Page. No painel de bordo, por trás da superfície do monitor, há equipamento semelhante a relógio, que tem ponteiros móveis iluminados que apresentam informam sobre a direção do automóvel, a energia ainda armazenada na bateria, etc. A motorização elétrica explica o desaparecimento da grelha vertical tão característica da Bentley, já a necessidade de arrefecimento da mecânica de combustão interna também foi eliminada. A equipa de Page, aproveitando este facto, redesenhou-a e apresenta-a como “obra de arte digital” iluminada por LED, também a tecnologia utilizada para a produção das quatro faixas ultrafinas verticais que substituem os faróis. Por fim, o EXP 15 apresenta-se com aerodinâmica muito otimizada, cumprindo a exigência de mais eficiência energética para mais autonomia na parte de trás do tejadilho, dois “spoilers” ativos canalizam os fluxos de ar e, na seção inferior, também existe difusor, igualmente ativo. Finalmente, o EXP 15 encontra-se equipado com pacote completo de assistências eletrónicos à condução, mas os sensores de radar do sistema ADAS, por exemplo, estão escondidos por pigmentos de alumínio ultrafinos para não terem impacto no desenho “eletrizante” do Bentley do futuro! JOSÉ CAETANO