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APENAS QUATRO MARCAS 100% ELÉTRICAS FIZERAM DINHEIRO EM 2024

Razão Automóvel Online

2025-07-25 21:06:45

Estudo mostra a missão difícil que é gerar lucros com a venda de automóveis elétricos e indica qual o principal fator para o conseguir. A venda de veículos elétricos tem registado um crescimento galopante nos últimos anos. Para contextualizar, só em 2024 foram comercializadas 17 milhões de unidades a nível mundial, o que representa um aumento de 25% face ao ano anterior. Mas a capacidade de os elétricos gerarem lucros? Isso é outra conversa. É o que podemos concluir do estudo da Rho Motion, que entre as marcas que apenas fazem veículos elétricos, só há quatro lucrativas. As outras continuam a acumular prejuízos a um ritmo impressionante. © Tesla A Tesla foi a marca que registou a maior margem operacional em 2024 (7,4%) Tesla em primeiro lugar O estudo analisou as margens operacionais ou de lucro das principais marcas de veículos elétricos e concluiu que, em 2024, e entre as quatro que lucraram, foi a Tesla a que registou a maior margem operacional: 7,2%. Ainda assim, nem tudo são boas notícias. A margem de lucro da construtora norte-americana tem vindo a cair nos últimos anos e tem continuado a cair em 2025. Aliás, no segundo trimestre deste ano (abril a junho), a Tesla registou quebras nas vendas, receitas, lucros e margens face ao período homólogo. Ora veja: Logo atrás surge a BYD, com uma margem operacional de 6,4%. Ao contrário da Tesla, a marca chinesa tem vindo a melhorar os seus resultados operacionais. Segundo os analistas, se esta tendência se mantiver, é possível que a BYD venha a ultrapassar a Tesla em rentabilidade este ano ou no próximo. Integração vertical pode ser o segredo Grande parte do sucesso da Tesla e da BYD pode explicar-se pelo modelo de integração vertical que adotaram. Este modelo de negócio pressupõe o controlo direto de praticamente todas as fases da cadeia de produção e distribuição - desde a produção de componentes até à entrega do veículo ao cliente. © BYD A BYD tem registado um aumento significativo na sua margem operacional. Se esta tendência se mantiver, poderá ultrapassar a Tesla. Isto permite acelerar tempos de desenvolvimento, reduzir custos de produção e facilita o escalar da operação, garantindo maiores margens de lucro. Por exemplo, a BYD tem controlo total sobre as baterias dos seus modelos, desde a extração de matérias-primas à sua fabricação e a montagem final dos veículos. Este processo permite maior rigor sobre a qualidade e os custos, e reduz a dependência de fornecedores externos. A integração vertical tem servido bem a Tesla e a BYD, mas não significa que seja o único caminho para a rentabilidade na produção e venda de automóveis elétricos. Os outros dois fabricantes elétricos que apresentaram lucros foram a Li Auto e o Seres Group, ambos chineses. São os primeiros fabricantes não verticalmente integrados a ficar no verde. No caso do Seres Group - inclui marcas como Seres, Aito e Landian -, é a primeira vez que regista lucros. Na China, várias marcas exclusivamente elétricas continuam a operar com prejuízo, entre as quais a Zeekr (com uma margem de -8,5% em 2024), a NIO, a Leapmotor e a XPeng. No entanto, estas últimas duas conseguiram reduzir as suas perdas em mais de metade entre 2023 e 2024, apesar de ainda se manterem elevadas, acima dos -10%. Já a NIO, uma das marcas mais relevantes no mercado chinês, continua longe de alcançar o equilíbrio financeiro. No ano passado, apresentou uma margem operacional superior a -30%, o que revela um longo percurso até alcançar resultados positivos. Fora da China Fora do continente asiático, a Tesla continua a ser a única marca exclusivamente elétrica com operações lucrativas. A Polestar conseguiu reduzir as suas perdas em 2024, mas ainda está longe de atingir a rentabilidade - a margem operacional gira em torno dos -50%. © Lucid Motors A Lucid continua a ser o fabricante de elétricos que mais dinheiro perde. O mesmo se aplica às americanas Rivian e à Lucid. Se a primeira apresenta quase -100% de margem operacional, a segunda apresenta números dramáticos: -374% em 2024. Mesmo assim foi melhor que os -500% de 2023. O apoio financeiro do Fundo de Investimento Público da Arábia Saudita tem sido crucial para garantir a sobrevivência da Lucid face a perdas tão elevadas. Luz ao fundo do túnel Apesar dos resultados maioritariamente negativos, o estudo deteta uma tendência clara: a rentabilidade aproxima-se a passos largos dos construtores de automóveis elétricos. Todos os construtores que estão no vermelho conseguiram reduzir as suas perdas de 2023 para 2024 e o Seres Group apresentou lucros pela primeira vez. Seja por via da integração vertical ou não, o principal fator que o estudo destaca para atingir a rentabilidade é simplesmente um: escala. A redução das margens operacionais negativas em 2024 são justificadas pelo aumento de vendas verificado em todos os construtores. Miguel Nascimento