Numa Europa em que a venda de veículos caiu 0,3% nos primeiros 6 meses, os EV dispararam 25% e os PHEV 24%, provando a apetência destas alternativas. E os carros chineses aumentaram de 2,7% para 5,1%. Com as vendas de carros novos na Europa a caírem 0,3% nos primeiros seis meses de 2025, os modelos equipados com mecânicas 100% eléctricas (BEV) e híbridas plug-in (PHEV) acabaram por conter as perdas. Os BEV comercializaram 1.193.397 unidades, mais 25% do que os 951.580 vendidos no período homólogo de 2024, enquanto os PHEV transaccionaram 597.588 unidades, mais 24% do que os 482.876 vendidos no ano anterior. Percentualmente, se o mercado europeu caiu 0,3%, os BEV aumentaram a sua quota no mercado em 3,6%, saltando de 14% nos primeiros seis meses de 2024 para 17% em igual período deste ano. Isto enquanto o share dos PHEV subiu 1,7%, passando de 7% em 2024 para 8,7% no primeiro semestre de 2025. No ranking dos veículos eléctricos mais vendidos, o Model Y da Tesla continua a liderar, ao transaccionar 68.801 unidades, apesar de uma enorme queda de 33% face a 2024, quando se batia pelo estatuto do veículo mais vendido entre os modelos comercializados no Velho Continente, independentemente do tipo de motorização. A 2.ª posição do ranking dos EV mais vendidos pertence ao VW ID.4, com 40.335 unidades e um crescimento de 38%, seguido pelo Tesla Model 3, com 39.864 unidades e uma descida de 33%. A Tesla confirma, assim, a sua presença nos lugares de topo, com o Model Y a revelar sinais de recuperação após os danos impostos pela incursão pela política do CEO da marca, pois em Junho foram comercializadas 23.821 unidades deste SUV eléctrico, em linha com 2024, o que pode significar que a crise foi ultrapassada. Nas posições seguintes da tabela encontram-se o VW ID.7 (38.113 unidades e um crescimento brutal de 573%) e o VW ID.3 (37.421 e +29%), seguido por três modelos que só entraram este ano no mercado, nomeadamente o Kia EV3 (35.023 unidades), o Renault 5 (34.206) e o Skoda Elroq (34.076). Entre os eléctricos mais baratos, a esperada luta entre o Dacia Spring e o Hyundai Inster favoreceu este último em Junho (3322 contra 3309 unidades), sendo que, ainda assim, o Dacia aumentou as vendas 131% face a 2024. Não deixa de ser curioso analisar o comportamento do Tesla Model Y, já que durante os últimos anos este foi o modelo eléctrico mais vendido na Europa e, recentemente, foi alvo de um restyling. Sucede que isso ocorreu em simultâneo com a entrada de Elon Musk na política, opção que valeu ao CEO da Tesla alguma impopularidade em ambos os lados do Atlântico, em reacção às críticas de Musk a Governos europeus desalinhados com Trump. Acresce, por outro lado, que o Model Y esteve disponível durante demasiado tempo apenas com a versão Launch Edition, mais exclusiva mas muito mais cara, o que impactou negativamente as vendas. As opções têm vindo a ser revistas, o que levou a que as vendas tenham caído 48% no 1.º trimestre de 2025, mas apenas 13% no 2.º trimestre, com uma redução de 33% no acumulado. Contudo, nem todas as notícias são más para a marca de Musk, uma vez que em Maio a quebra na procura na Europa foi reduzida apenas em 6,7%, para em Junho as vendas do SUV aumentarem pela primeira vez nos últimos meses, ainda que em 0,1%, apontando para uma inversão da tendência. E face a toda esta agitação do mercado europeu, como ficou a concorrência chinesa, que entrou no Velho Continente em condições muito mais vantajosas do que a China alguma vez permitiu aos construtores ocidentais (europeus ou não)? No primeiro semestre de 2024, as marcas que exportam os seus veículos a partir da China venderam apenas 181.897 unidades nos países da União (a 28), o que representou 2,7% do mercado, para em 2025 crescerem para 5,1%, o que equivale a 347.135 unidades. Este incremento do share em 2,4%, ou 91% em matéria de volume de vendas, representa um salto importante, mas (ainda) não assustador. Simone Carvalho