Operadora norte-americana aposta num modelo semi-privado de aviação, com foco em clientes empresariais e destinos estratégicos no sul dos EUA A Evolution Airways, companhia aérea com sede em Orlando (Flórida), está a expandir a sua frota com mais jactos da família Citation, ao mesmo tempo que prepara a entrada no segmento de jactos regionais, como os Embraer ERJ145 e Bombardier CRJ200, num modelo híbrido entre aviação privada e comercial. A empresa iniciou operações este ano com três aeronaves Citation - um Citation I/SP, um Citation e, mais recentemente, um Citation II (N70KB), com 42,7 anos. Em entrevista à ch-aviation, o fundador Jonathan Houdyschell revelou planos para integrar mais um Citation 550 e dois Citation 560, como parte da estratégia de crescimento faseado e de controlo de custos. "A escolha dos Citation assenta em critérios económicos claros. São mais acessíveis do que alternativas como o Hawker 400XP ou turboélices King Air no mercado usado. Há grande disponibilidade de peças e suporte técnico - é como escolher entre um Chevy ou um Ford", explicou Houdyschell. Apesar da idade avançada da frota - com uma média de 46,9 anos - todas as aeronaves foram revitalizadas em 2025, com manutenção assegurada pela Jetstream Aviation Solutions (divisão norte-americana do grupo húngaro JetStream). Modelo de negócio semi-privado: bilhetes individuais em jactos executivos A Evolution propõe um modelo de aviação semi-privada, permitindo a compra de lugares individuais em jactos executivos, à semelhança de uma companhia aérea tradicional. Segundo Houdyschell, trata-se de uma "democratização da aviação privada", com preços competitivos, sobretudo para passageiros habituais da classe executiva ou premium economy. "Queremos tornar os jactos privados acessíveis a um público mais vasto, mantendo uma experiência elevada mas com preços sustentáveis", afirmou. "O modelo foi pensado para se integrar facilmente nas políticas de viagem corporativas, com total transparência de custos." A empresa já presta serviços a empresas do sector aeroespacial, operando a partir de aeroportos estratégicos como Orlando Executive, Titusville Space Coast Regional, Huntsville, Houston Hobby e Scottsdale. Além do espaço, a Evolution está a posicionar-se para servir o sector da energia, nomeadamente zonas de exploração petrolífera, e destinos de lazer como Las Vegas. Olhar para os jactos regionais: ERJs e CRJs na calha A médio prazo, a Evolution Airways planeia reforçar a sua frota com jactos regionais Embraer ERJ145 e CRJ200, com configurações semi-privadas adaptadas a um mercado de curta distância, tradicionalmente pouco servido pelas grandes companhias após consolidações e retiradas de frota. "Estamos a preencher o vazio deixado pela retirada de turboélices de 50 lugares e a migração para aeronaves maiores. Há muitos ERJs e CRJs no mercado usados que se encaixam perfeitamente no nosso modelo", disse Houdyschell Estes aparelhos serão usados numa rede com raio até 500 milhas náuticas, especialmente nos estados do Sun Belt (Texas, Flórida, Arizona, entre outros), acompanhando as tendências de migração demográfica e empresarial para zonas com políticas fiscais mais favoráveis. Flexibilidade e inovação: voos por crowdfunding e modelo híbrido Outra novidade é a aposta num modelo de voos por crowdfunding - o passageiro pode iniciar um voo sem risco e a empresa comercializa os lugares vagos. Os preços podem rondar algumas centenas de dólares por assento, abrindo novas possibilidades de acesso a este tipo de transporte. "Estamos a construir uma infraestrutura de transporte semi-privado para o futuro. Não somos apenas uma operadora Part 135 de voos charter - somos uma ponte entre a aviação privada e comercial", concluiu Houdyschell. Com um olhar pragmático sobre os mercados mais resilientes, a Evolution estima que cerca de 80% da procura venha do segmento empresarial, que considera mais estável do que o turismo de lazer. A empresa posiciona-se assim como uma alternativa híbrida, inspirada em modelos como a JSX, NetJets e Flexjet, mas com um foco operacional e financeiro adaptado ao mercado regional norte-americano. .