ACESSIBILIDADE E A NOVA ERA DO CONTEÚDO DIGITAL
2025-07-20 21:05:35

Com a nova lei europeia, a acessibilidade deixa de ser opcional. O conteúdo digital terá de ser claro e acessível para todos, o que representa uma oportunidade para as empresas portuguesas se tornarem mais inclusivas. Com a entrada em vigor a 28 de junho da Lei Europeia de Acessibilidade (EAA), que obriga empresas e organizações a garantirem produtos e serviços digitais acessíveis a todos, especialmente a pessoas com deficiência, as organizações confrontam-se com implicações profundas, tanto no desenvolvimento tecnológico, como na forma como criam e comunicam conteúdos online. Durante anos, o digital foi visto como um espaço democrático, acessível por definição. Mas a realidade não é bem assim. Sabemos que 16% da população mundial possui algum tipo de deficiência (OMS, 2023), o que se traduz em quase 1,3 mil milhões de pessoas que podem necessitar de tecnologias assistivas para aceder a conteúdos digitais. Face a estes dados, pergunto: estão as empresas portuguesas alinhadas com as Diretrizes de Acessibilidade para o Conteúdo da Web (WCAG)? A EAA vem corrigir falhas estruturais e aplica-se a empresas com mais de 20 colaboradores. Existem setores críticos como comércio eletrónico, banca, telecomunicações, transportes e serviços do setor público. Empresas e organizações com website, apps, plataformas de atendimento, ebook, newsletters ou relatórios institucionais serão obrigadas a seguir normas de acessibilidade bem definidas em todas estas ferramentas e plataformas digitais. A não conformidade poderá resultar em sanções legais e danos de reputação da marca. Mas existe outro risco: ignorar as expetativas de um público cada vez mais atento à inclusão. Conteúdo acessível: desafios reais com soluções possíveis Criar conteúdos acessíveis é um processo técnico, mas também uma mudança de cultura. O conteúdo deve ser estruturado e desenhado desde o início para ser compreendido, utilizado e experienciado por todas as pessoas, independentemente das suas limitações físicas, sensoriais ou cognitivas. Os principais desafios são a criação de textos alternativos eficazes para imagens informativas, documentos e PDF s em formatos acessíveis, linguagem clara, estruturada e que favoreça a compreensão; legendas em vídeos, estrutura de cabeçalhos organizada e coerente em artigos, e links diretos e claros para o leitor. Pela minha experiência com empresas em Portugal, um bom ponto de partida passa por realizar uma formação em acessibilidade aos colaboradores. A consultoria é também essencial para que as empresas conheçam a situação relativa à acessibilidade e quais os procedimentos a implementar. O importante é compreenderem que a acessibilidade é uma mudança de mentalidade: deixar de produzir conteúdos para alguns e passar a criar para todos. CRISTINA WINZHEIMER PINHEIRO CRISTINA WINZHEIMER PINHEIRO