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REGRAS DE BRUXELAS GERAM NO MERCADO "EFEITO PERVERSO" E ENCARECEM O PREÇO DOS CARROS, DIZ LÍDER DA RENAULT EM PORTUGAL

Expresso Online

2025-07-18 21:02:41

O diretor-geral da Renault em Portugal critica a "forma brutal" como Bruxelas está a impor regras ao sector e admite que os motores a diesel são para abandonar, pois tende a ser impraticável o preço destes carros para cumprirem as normas em vigor. "O custo de produção é uma barbaridade." O diretor-geral da Renault em Portugal assegura que estamos a viver a maior transformação de que há memória no sector automóvel. De uma só vez, estamos a assistir a uma transição para a mobilidade elétrica, à digitalização do sector e ainda à ofensiva chinesa, que está a conseguir colocar veículos elétricos no mercado mundial a preços imbatíveis. Sobre a transição energética impulsionada por Bruxelas, José Pedro Neves nota que "é evidente que o objetivo da União Europeia é nobre, pois quer que o planeta seja mais habitável para os nossos filhos e para os nossos netos, mas efetivamente a forma brutal como está a impor as suas regras pode ter um efeito perverso". E explica que o grande problema é que hoje a oferta de carros elétricos é superior à procura, nomeadamente devido aos preços: "O aumento do preço não se deve ao aumento de margens dos fabricantes, antes pelo contrário, é devido ao acréscimo de regras da União Europeia. São 10 novos regulamentos que saem todos os anos para o sector automóvel", enfatiza o gestor, acrescentando que essas alterações podem ter induzido um aumento médio dos preços dos carros novos da ordem dos EUR5 mil nos últimos cinco anos. Apesar de tudo, aplaude a flexibilização recente da medida que penaliza as emissões de dióxido de carbono (CO2), que poderia penalizar a indústria em EUR15 mil milhões por ano, "mas, na verdade, vamos ter de pagar lá mais à frente, em 2027". Sobre a proibição da venda de carros a combustão, que Bruxelas advoga para 2035, José Pedro Neves admite que está "um bocadinho mais cético, porque pode haver soluções até 2035 que permitam manter motores a combustão". Refere-se aos combustíveis sintéticos, que podem ajudar a baixar as emissões em cerca de 80%. Vinca que a Renault já está a testar essa alternativa, só que ainda é muito cara e terá de se massificar para os preços se tornarem competitivos. Também não descarta a alternativa dos motores a hidrogénio, mas refere que é preciso que os vários Estados assumam a criação de uma infraestrutura de abastecimento que permita a sua difusão entre os consumidores em geral. Sobre os carros com motores a diesel já não hesita: "A tendência é para abandonar." E explica que tende a ser impraticável o preço dos carros a diesel para cumprirem as normas em vigor. "Tendem a ficar fora do mercado. O custo de produção é uma barbaridade." Vítor Andrade Coordenador de Economia Vítor Andrade