A Peugeot, na geração nova do 5008, aposta, decididamente, nas tecnologias de eletrificação, por isso propondo motorizações para (quase...) todos os gostos no Sport Utility Vehicle (SUV), das elétricas às híbridas (PHEV ou MHEV). Em exame, versão com sistema de 48 V a apoiar mecânica com 3 cilindros e 1,2 litros a gasolina. Por propor consumos frugais e prestações convincentes, esta versão pode muito bem ser a mais equilibrada da gama. Para confirmá-lo, a "prova dos nove". O Peugeot 5008, partilhando o desenvolvimento e a grande maioria dos componentes com o 3008, afigura-se como "irmão" maior (e mais versátil) de SUV muito bem-sucedido no nosso País, apresentando como trunfo mais importante o facto de dispor de sete lugares de série (em breve, também será proposto com apenas cinco lugares). A gama de motorizações elétricas ou eletrificadas também é comum, em linha com a ambição da marca francesa de se tornar no fabricante generalista de referência entre os automóveis de baixas emissões. Somam-se a imagem atrativa e a tecnologia de ponta. O 5008 é fruto, pois, dessa abordagem, com variantes 100% elétricas (E-5008), híbridas Plug-In (PHEV) e "mild hybrid" (MHEV) com tecnologia de 48 V. Esta última encontra-se no automóvel em ensaio, que está posicionado na base da gama e, por isso, tem preço mais atrativo (leia-se acessível e competitivo). O objetivo é avaliarmos as suas aptidões nos domínios da eficiência e da utilização no dia-a-dia, que é vivido, maioritariamente, em ambientes urbanos. Facilidade de utilização No 5008 Hybrid, pacote técnico já conhecido de outros carros das marcas do consórcio Stellantis. Esta motorização integra um sistema de eletrificação ligeira, mesmo se robustecido, que permite reduzir o consumo de combustível e as emissões de gases de escape, sobretudo na condução em cidade. O pacote conta com motor de 3 cilindros a gasolina (1.2 Turbo), com 136 cv e 230 Nm, e máquina elétrica com 29 cv (21 kW) e 55 Nm integrada no módulo da caixa automática de 6 velocidades, de dupla embraiagem (e-DCS6) - alimenta-a bateria de iões de lítio com 0,4 kWh de capacidade, que também pode armazenar energia recuperada durante as desacelerações e travagens, por contar com motor de arranque que também atua como gerador. Se a marca promete condução elétrica até 50% do tempo de utilização do automóvel em cidade, o teste confirma, efetivamente, a apetência do sistema híbrido para relegar o motor de combustão para um plano secundário, "desligando-o" sempre que a eletrónica de comando o considera dispensável. Este sistema MHEV de 48 V destaca-se, por isso, por conseguir combinar consumos moderados com prestações mais do que razoáveis, uma vez que o funcionamento em modo 100% elétrico é ativado, automaticamente, sempre que circulamos a velocidade baixa e sem carga no acelerador. O 5008 tem 4,79 m de comprimento e peso na ordem dos 1700 kg, mas os 136 cv permitem ganhar velocidade de forma muito satisfatória. Obviamente, a capacidade de aceleração não é desportiva (0-100 km/h em 11,3 s ...), mas a marca do leão também não tinha essa pretensão para este SUV, e as recuperações - auxiliadas pela boa "leitura" da caixa - são convincentes, o que explica o muito bom desempenho dinâmico deste modelo, independentemente do tipo de percurso. Consumos comedidos Em condução urbana, o motor de combustão é desativado regularmente, sobretudo no modo de condução Eco (o mais eficiente) e enquanto há carga numa bateria que não tem muita capacidade. E, por isso, perde-a rapidamente, mas esta desvantagem é anulada pela vantagem de também recarregar com rapidez. Em vias rápidas, se as condições de viagem o permitirem (nomeadamente, o nível de pressão exercido no acelerador), o motor a gasolina também é desativado com muita frequência, o que faz com que o 5008 Hybrid circule apenas por ação do motor elétrico. O resultado é um automóvel com consumo muito moderado (a aerodinâmica otimizada contribui para este facto), sobretudo considerando as dimensões e o peso. Terminámos este teste com uma média de 6,0 l/100 km. Nota ainda para a existência de um modo de condução desportivo, que coloca os dois motores mais vezes a trabalhar em simultâneo. As prestações melhoram ligeiramente, mas penalizam-se tanto os consumos como a suavidade de funcionamento. Não obstante, mesmo no modo Eco, sempre que o pedal acelerador é pressionado com mais vigor, os motores elétrico e térmico funcionam em conjunto, o que garante uma resposta mais decidida. O comportamento é outro ponto positivo do 5008, automóvel com condução muito refinada, devido ao acerto de chassis capaz de proporcionar conforto de rolamento acima da média sem comprometer a capacidade de controlo dos movimentos da carroçaria, que é irrepreensível. Assim, este modelo apresenta um nível de dinâmico que agrada, seguramente, a quem procura um SUV cómodo e, ao mesmo tempo, fácil de guiar quer sobre superfícies bem tratadas, quer em pisos menos regulares e, por isso, mais rudes. Junte-se a excelente insonorização e eis companheiro ótimo para as viagens longas. Cimeira tecnológica Otimizado, o "i-Cockpit" do 5008 tem operação intuitiva, sobretudo contando-se com o que integra o Pack Navegação Panorâmica (925 EUR), que integra monitor panorâmico de 21 (composto por dois ecrãs, na verdade) arrumado em posição sobrelevada no painel de bordo, botões táteis "i-Toggles" configuráveis para acessos diretos (leia-se rápidos) as funções utilizadas com mais frequência, navegação conectada e carregamento por indução do "smartphone". A posição de condução também é sobrelevada, como acontece na generalidade dos SUV. O monitor da instrumentação é personalizável (não falta menu específico para observação do funcionamento do módulo híbrido) e o ecrã tátil central do sistema multimédia i-Connect Advanced pareceu-nos bastante funcional e de fácil utilização, sobretudo por também dispor de acesso rápido a partir dos "i-Toggles". Em termos de conectividade, admite-se a integração sem fios dos sistemas Apple CarPlay e Android Auto, não faltando, ainda, a disponibilidade de assistente virtual apoiado por inteligência artificial (ChatGPT). A modernidade da apresentação do interior elogia-se, da mesma forma que temos de aplaudir a qualidade elevada da construção e a escolha de materiais (têxteis na parte superior do painel de bordo e das portas). É esta combinação que explica o ambiente requintado e sofisticado que encontramos no habitáculo doo 5008. Pontos menos bons: a colocação e o desenho do comando da caixa no painel de bordo e os comandos táteis no volante. Familiar superior Neste SUV de sete lugares, espaço entre as mais-valias. As duas primeiras filas são bastante amplas, embora sobressaia, naturalmente, a amplitude disponível na segunda, cujos bancos permitem a regulação longitudinal (assentam em calhas), o que permite optar entre mais capacidade de carga ou mais liberdade de movimentos para as pernas dos passageiros, incluindo dos que ocupam os dois lugares suplementares disponíveis na terceira fila. Dispensando-os, arrumamo-los no piso da mala. Estes bancos podem transportar dois adultos de estatura média com algum conforto. Esta característica faz com que o 5008 seja um SUV funcional e versátil. Na configuração de sete lugares, a mala tem apenas 259 litros de capacidade, "contra" os 748 litros disponíveis sempre que utilizamos apenas cinco lugares. Em suma, o 5008 é automóvel com créditos bem firmados, que prima pela comodidade a bordo, a versatilidade e a tecnologia embarcada. E o sistema MHEV muito eficaz pode contribuir para torná-lo mais popular 5008, graças ao preço da versão Allure (36.150 EUR), que já está muito bem equipada (faróis LED, jantes de 19, ar condicionado trizona, etc.). Porém, para desfrutarmos mais do modernismo deste 5008, temos de recorrer a diversos opcionais montados na unidade ensaiada (39.245 EUR, montante que já considera os 650 EUR da pintura metalizada): Destacamos estes três: Pack Navegação Conectada e Pack Visão 360 (925 EUR), e Drive Assist (1500 EUR). Pedro Junceiro