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URBANISMO - 80% DAS CÂMARAS JÁ USAM TECNOLOGIA DE CIDADES INTELIGENTES

Negócios

2025-06-16 21:06:27

Inquérito aos municípios mostra que são cada vez mais os que investem em tecnologias ou sistemas no âmbito das cidades e territórios inteligentes. A mobilidade e a acessibilidade destacam-se, bem como a relação com os cidadãos e empresas. 80 câmaras já recorrem à inteligência artificial. FILOMENA LANÇA filomenalanca@negocios.pt NO ano passado, 79% das câmaras municipais do país , num total de 244 utilizaram pelo menos uma tecnologia ou sistema interconectado no âmbito das cidades e territórios inteligentes. Na prática, trata-se de um aumento de 10 pontos percentuais (p.p.) relativamente a 2023. Estaé uma das principais conclusões do inquérito anual aos municípios realizado pela Direção-Geral de Estatísticas da Educação e Ciência (DGEEC) e divulgado na passada semana. As áreas com maior crescimento no uso destas tecnologias foram a mobilidadee acessibilidade (57% das câmaras já usam) e a área dos consumos (64% dos municípios). Num caso e no outro, registou-se um crescimento de 11 p.p. face a 2023. No entanto, foi na relação com os cidadãos e empresas quie mais Câmaras Municipais utilizaram tecnologias ou sistemas no âmbito das cidades e territórios inteligentes, numa parcela de 66, 6%. Mas do que falamos quando falamos de cidades e territórios inteligentes? o conceito remete para sistemas e pessoas que interagem “de forma inteligente, usando energia, materiais, serviços e recursos de forma sustentável”, tornando os territórios mais resilientes. Poroutras palavras, e recorrendo ao conceito usado pela Comissão Europeia, uma cidade inteligente é “um local onde as redese serviços tradicionais se tornam mais eficientes com a utilização de soluções digitais em beneficio dos seus cidadãos e empresas”. E OS exemplos são muitos, des-de edificios com maior eficiência energética, ao uso de fontes de energia renovável integradas, sistemas de aquecimento e refirigeração sustentáveis, redes de transporte urbano mais inteligentes, ou melhores instalações de eliminação de resíduos. O aumento do número de municípios com este tipo de investimentos não surpreende Miguelde Castro Neto, diretor da NOVA Information Management School (IMS) e coordenador da NOVA Cidade = Urban Analytics Lab. “Háuma clara dinâmica neste momento relativamente àexploração da transição digital pelas câmaras municipais, tendo em vista a construção de cidades e territórios inteligentes, sustentáveis e inclusiVos”, explica. Tanto que “na Estratégia Nacional dos Territórios Inteligentes, no aviso lançado para se candidatarem a financiamento para investirem emplataformas inteligentes de gestão urbana, candidataram--se e foram financiadas 297 das 308 autarquias”, acrescenta Miguel de Castro Neto. E isso, acrescenta o especialista, permite antever que no inquérito a realizar em 2025, já sejam também muitas mais autarquias a responder afirmativamente. Ora, sublinha, “este processo é estruturante para melhorar a eficiência na prestação de serviços e gestão de nfraestruturas e para garantir a qualidade de vida e o bem-estar das pessoas, nomeadamen-teemquestões relacionadas como acesso aos serviços públicos”. Eos resultados do inquérito da DGEEC mostram também “acapacidadlede estarmos não apenas a conseguir que este processo se realize nas grandes áreas urbanas, mas também no interior, nos territórios de baixa densidade”, acrescenta. Inteligência artificial já é opção Entre as cinco grandes áreas analisadas no inquérito mobilidadee acessibilidade; consumos; poluição eambiente; capacidade de resposta;i e relação comcidadãosi e empresas , énesta última que mais autarquias investem , cerca de 67% já o fazem. Estão aqui em cauisa, por exemplo, sistemas de gestão de processos, gestão de filas de espera no atendimento ouredes de comunicações abertas aos cidadãos. No que toca à mobilidade (onde 57,1% das câmaras investiram), destacam-se opções como a disponibilização de postos para carregamento( de veículos elétricos; gestão damobilidade nos transportes públicos; ou monitorização em tempo real de espaços de estacionamento ou do tráfego de veículos epeões. O financiamentor para este tipo de tecnologias vem em quase metade (45,5%) exclusivamente de fundos comunitários, sendo que outros 38,4% incluem fundos da UE, mas também do Estado central. Ora, “este é um processo que exige umesforçocontinuado de investimento público na medida em que estamos a assistir a uma acelerada evolução tecnológica quie implica um esforço de capacitação contínuo”, lembra Miguel de Castro Neto. E nesse sentido, remata, “a notícia da agregação do Ministério da Economia com a Coesão Territorial pode ser aqui realmente uma boa notícia”, Há uma clara dinâmica neste momento relativamente à exploração da transição digital pelas câmaras municipais. MIGUEL DE CASTRO NETO Diretor da Nova Information Management School &. Este é um processo que exige um esforço continuado de investimento público, dada a uma acelerada evolução tecnológica. A gestão de tráfego é uma das áreas em que as autarquias apostam. FILOMENA LANÇA