FIAT PANDINA: O ESSENCIAL NO CITADINO QUE RESISTE E SE REINVENTA
2025-06-16 21:05:31

Sobejamente conhecido no mercado, o Fiat Panda tem conseguido reinventar-se através de diversas gerações, e anda já por aí na sua variante mais recente, o elétrico Grande Panda. Pelo caminho, porém, e quando muitos construtores abdicaram dos pequenos citadinos, desistindo mesmo dos modelos do segmento A, que agora começam a regressar enquanto elétricos, eis que a Fiat apostou no Pandina, modelo com o qual saímos para a estrada num ensaio para o LusoMotores e que nos deixou agradavelmente impressionados. Em termos práticos estamos perante o Fiat Pandina 1.0 Híbrido 70cv, modelo que chega ao mercado português como uma proposta interessante para quem procura um citadino prático, económico e agora com um toque de modernidade. Longe de ser uma revolução, o Pandina é, na verdade, uma evolução direta do bem-sucedido Fiat Panda, adaptado para cumprir as mais recentes normas de segurança e emissões. Equipado com o motor 1.0 FireFly de 3 cilindros, a gasolina, assistido por um sistema mild-hybrid de 12V, o Pandina entrega 70 cavalos de potência e 92 Nm de binário. A transmissão é manual de seis velocidades e, apesar da potência modesta, o sistema híbrido contribui para uma condução mais suave em cidade e para a redução dos consumos. A Fiat declara um consumo combinado de cerca de 5,1 l/100km e emissões de CO2 em torno de 116 g/km, valores em circuito misto. Em termos de prestações, naturalmente que não partimos com a expectativa de encontrar um desportivo, mas o Pandina mostrou cumprir a sua função citadina com agilidade suficiente. A aceleração de 0 a 100 km/h ronda os 13,9 segundos, e a velocidade máxima é de aproximadamente 155 km/h. As recuperações não são as melhores, nomeadamente em auto-estrada, mas ainda assim são suficientes para viagens, naturalmente, dentro dos limites legais. Agilidade e custos entre os pontos altos do Pandina Em destaque nesta proposta da Fiat está, desde logo, a economia de combustível permitida pelo Pandina. O sistema mild-hybrid e o motor eficiente garantem consumos bastante comedidos, o que é um fator crucial no contexto atual. Ponto positivo neste modelo de origem italiana está também a sua agilidade urbana. As dimensões compactas e o bom raio de viragem tornam o Pandina excecionalmente fácil de manobrar e estacionar em ambientes urbanos, pelo que esta característica não poderia ser esquecida quando abordamos os pontos que identificámos como positivos. Certo é que, mantendo a filosofia do Fiat Panda que lhe dá origem, o Pandina posiciona-se como uma das opções mais competitivas no seu segmento desde logo no preço, disponível no mercado com um preço na ordem dos 18.490 euros. E se o preço surpreende pela contenção, já o espaço interior surpreendeu pelas dimensões generosas de um modelo que, apresentando-se como um carro de facto pequeno, continua a afirmar-se pela boa habitabilidade e versatilidade do seu interior. Restará dar conta, ainda a propósito dos pontos positivos, da confiabilidade comprovada - a plataforma e mecânica do Panda são amplamente testadas e reconhecidas pela sua robustez e fiabilidade -, mas também do equipamento de segurança reforçado. Afinal, uma das principais razões para a existência do Pandina é a inclusão de novos sistemas de assistência à condução (ADAS) que se tornaram obrigatórios na Europa, como o sistema de travagem autónoma de emergência, assistente de faixa de rodagem, e o detetor de fadiga. Design e conforto entre os pontos a melhorar Como em qualquer modelo automóvel, a margem de progressão existe e está sempre presente, ficando por saber até onde irá a vontade do construtor em melhorar as suas propostas a cada geração das mesmas. No caso deste Fiat Pandina, e embora este seja um capítulo subjetivo, o design é, quanto a nós, conservador, mantendo-se o Pandina muito fiel ao Panda, o que para alguns poderá ser visto como falta de inovação estética. Outro capítulo a ter em conta numa evolução futuro resulta do conforto em viagens longas. Apesar de adequado para a cidade, a suspensão e o isolamento acústico podem ser um pouco limitados em viagens mais longas. Depois, embora o Pandina tenha recebido um novo ecrã digital para o painel de instrumentos, o sistema de infoentretenimento central não se revelou assim tão moderno ou responsivo como o de alguns concorrentes mais recentes. A melhorar igualmente neste Fiat Pandina está o seu desempenho em estrada aberta. Os 70 cv são adequados para a cidade, mas em autoestrada ou em subidas mais acentuadas, o desempenho pode ser algo limitado e as recuperações são por vezes demoradas o que torna as viagens mais lentas e com consumos mais comprometidos se não soubermos esperar pela disponibilidade do pequeno motor a bordo deste modelo da Fiat. Diferenças entre o Panda e o Pandina vão muito além da questão do nome A principal diferença entre o Fiat Pandina e o já conhecido Fiat Panda reside na atualização e adaptação às novas exigências regulamentares europeias, especialmente no que toca à segurança. O nome "Pandina" foi adotado para o modelo que continua a ser produzido na fábrica de Pomigliano dArco, em Itália, e incorpora um conjunto de novos sistemas de assistência à condução (ADAS) que não estavam presentes nas versões anteriores do Panda. Entre os novos sistemas estão o Sistema de Travagem Automática de Emergência, capaz de detetar obstáculos e travar o veículo para evitar ou mitigar colisões. Há ainda que considerar o Assistente de Faixa de Rodagem, que ajuda a manter o carro na faixa de rodagem, alertando o condutor ou corrigindo a direção, mas também o Detetor de Fadiga do Condutor, sistema que monitoriza o comportamento do condutor para identificar sinais de cansaço. Sistemas hoje em dia tidos como banais pela sua presença generalizada, e que naturalmente encontramos no Fiat Pandina, são o Reconhecimento de Sinais de Trânsito, que mostra os limites de velocidade e outras informações relevantes no painel de instrumentos, ainda os Sensores de Estacionamento capazes de melhorar a segurança nas manobras, e um novo painel de instrumentos digital e um ecrã central de 7 polegadas para o sistema de infoentretenimento, que agora inclui compatibilidade com Apple CarPlay e Android Auto sem fios. Em essência, o Fiat Pandina é a versão do Panda que foi "rejuvenescedora" e equipada com a tecnologia necessária para continuar a ser vendido na Europa nos próximos anos, coexistindo com o novo Fiat Panda elétrico. A Fiat prolonga deste modo a vida de um dos seus modelos mais icónicos e bem-sucedidos e ganha uma proposta para os cenários urbanos económica nos custos e no preço. Sistema híbrido revela-se de importância crucial no Pandina Merecedor de uma atenção especial na abordagem à realidade do Fiat Pandina é seu sistema híbrido, sem dúvida importante para a sua continuidade no mercado europeu e para as vantagens que oferece ao utilizador. Em termos práticos estamos perante um mild-hybrid (híbrido ligeiro) - MHEV - de 12V. Isto significa que não é um híbrido "completo" (como os Full Hybrid ou Plug-in Hybrid), ou seja, não consegue mover o carro apenas com o motor elétrico por distâncias significativas. Em vez disso, o sistema mild-hybrid integra um motor elétrico de pequena dimensão, conhecido como BSG (Belt-integrated Starter Generator), que está ligado ao motor a combustão através de uma correia. Este BSG funciona como um motor de arranque avançado e como um gerador. O sistema é alimentado por uma pequena bateria de iões de lítio de 12V, que é recarregada durante as desacelerações e travagens, através da recuperação de energia (regeneração). A importância deste sistema híbrido no Pandina (e nos Fiat Panda e 500 que o precederam com esta motorização) reside em vários pilares, nomeadamente através da redução de consumos e emissões de CO2, permitido pela ajuda que o sistema mild-hybrid confere ao motor a combustão em momentos de maior exigência. Além disso, permite que o motor a combustão se desligue mais cedo e com mais frequência em desacelerações (roda livre, ou coasting) e em paragens (função Start&Stop avançada). Isso resulta numa poupança de combustível notória, especialmente em ciclo urbano, e numa redução significativa das emissões de CO2, permitindo que o Pandina cumpra as rigorosas normas europeias. Mas há mais contribuições permitidas por este sistema híbrido no Pandina, também no capítulo da suavidade e conforto na condução. O BSG atua como motor de arranque, tornando os arranques do motor mais silenciosos e suaves do que num sistema Start&Stop convencional. Além disso, a transição entre o motor ligado/desligado é menos percetível, contribuindo para um maior conforto em trânsito. Há ainda que ter em conta o pequeno impulso elétrico que ajuda a preencher eventuais "buracos" de potência em baixas rotações, melhorando a resposta do motor e a agilidade geral do carro, especialmente em cidade. Um Start&Stop mais suave e eficiente pode potencialmente reduzir o desgaste do motor de arranque e da bateria convencional, já que o BSG assume grande parte dessa função. Por outro lado, o sistema mild-hybrid de 12V é relativamente simples e de custo mais contido em comparação com os sistemas híbridos completos ou plug-in, o que permite que a Fiat permita esta tecnologia num modelo acessível como o Pandina, democratizando a eletrificação. Em resumo, a adoção do sistema mild-hybrid de 12V no Fiat Pandina não é apenas uma adaptação às exigências ambientais, mas também uma forma inteligente de melhorar a eficiência, a suavidade e a experiência de condução global do veículo, mantendo o seu posicionamento de citadino prático e económico. Ambiente urbano é aquário para o Pandina O Fiat Pandina, tal como o Panda que o precede, foi concebido para o ambiente urbano e é aí que brilha em termos de comportamento dinâmico. Em cidade, a sua agilidade é o maior trunfo, apoiada pela direção leve e o raio de viragem reduzido, características que fazem com que manobrar e estacionar em espaços apertados seja uma tarefa extremamente fácil como pudemos confirmar. A suspensão, embora simples, mostrou-se capaz de absorver bem as irregularidades do piso urbano (lombas, calçada) sem ser excessivamente mole. O motor 1.0 mild-hybrid, com os seus 70 cv, é mais do que suficiente para o trânsito citadino, beneficiando da suavidade dos arranques, e a caixa manual de seis velocidades é bem escalonada para as velocidades urbanas, permitindo manter o motor na sua faixa de rotações ideal. Fora do ambiente urbano, como já aqui demos conta, o Pandina revela as suas limitações, como é expectável num citadino puro. A 70 cv, as recuperações e ultrapassagens exigem um planeamento cuidadoso e o recurso frequente à caixa de velocidades. Em autoestrada, a velocidade máxima de 155 km/h é atingível, mas o isolamento acústico não é o mais eficaz, e o ruído do vento e do motor torna-se mais presente a velocidades elevadas. A estabilidade em linha reta é aceitável, mas a altura do carro e a sua concepção mais básica não convidam a uma condução desportiva. Curvas mais rápidas podem induzir algum rolamento da carroçaria, mas nada que comprometa a segurança para uma condução normal e dentro dos limites. Estamos assim perante um modelo automóvel com um comportamento competente e honesto para o seu propósito principal: ser um excelente citadino. Ficha Técnica- Motorização: 1.0 Ecoboost mHEV (híbrido suave) - Cilindrada: 999 cm3 - Potência: 70 cv - Binário: 92 Nm - Caixa de velocidades: Manual de seis relações - Aceleração (0-100 km/h): 14,7 segundos - Consumo (WLTP): 4,9 L/100km - Emissões de CO2: 111 g - Bagageira: 225 litros - Dimensões: 3.705 mm (comprimento) x 1.882 mm (largura) x 1.605 mm (altura) - Preço: 18.490 Euros Fácil de conduzir, ágil e económico, não deve ser confundido com um carro para longas viagens em autoestrada ou para uma condução entusiasmante. Mesmo sendo surpreendentemente habitável para um carro do seu segmento, com espaço bastante generoso à frente, mesmo para condutores mais altos, permite uma posição de condução elevada, o que confere uma boa visibilidade sobre o trânsito. Atrás, o espaço para as pernas é mais limitado, como seria de esperar, mas dois adultos de estatura média conseguem viajar com relativo conforto em viagens mais curtas. Cinco lugares em vez de quatro é sem dúvida um "pormaior" A opção por cinco lugares (em vez de quatro) é uma vantagem, embora o lugar central traseiro seja mais adequado para uma criança ou para um adulto em viagens muito curtas. Os bancos são simples, mas confortáveis, com um bom acolchoamento. Os materiais são duráveis e pensados para o uso diário, não para luxo. O interior do Pandina oferece vários espaços de arrumação práticos, incluindo um porta-luvas, bolsas nas portas e alguns nichos na consola central, tudo isto a bordo de um automóvel que foi claramente concebido a pensar na funcionalidade. Nota para a bagageira, com uma capacidade de cerca de 225 litros, suficiente para as compras do dia-a-dia ou para pequenas malas de fim de semana. Em resumo e como nota final, há que dizer que o Fiat Pandina não é um automóvel focado em tecnologia de ponta ou conectividade futurista, mas as atualizações que recebeu, especialmente o ecrã tátil com CarPlay/Android Auto e o robusto conjunto de ADAS, tornam-no um carro muito mais seguro e adaptado aos padrões atuais, sem perder a sua essência de simplicidade e funcionalidade. É uma boa mistura de tecnologia essencial e acessível. Notas Finais(0-10)Design7,0Materiais6,3Equipamento7,0Comportamento dinâmico7,0Espaço interior6,8Conforto6,8Posição de condução7,0Insonorização6,2Conectividade7,5Entretenimento7,0Prestações6,0Consumos7,0Percepção de qualidade global6,8Avaliação Final6,8 As avaliações nos diferentes aspectos, naturalmente subjectivas, são feitas pelo LusoMotores, ajustadas ao segmento do modelo em apreço. Uma explicação para a nota relativa ao comportamento dinâmico, valor que sai penalizado pela lentidão da resposta de um motor de 70 cv, mas que, em sentido contrário, merece uma apreciação positiva pela manobrabilidade de um modelo particularmente ágil no trânsito citadino, graças às suas dimensões reduzidas e ao ângulo de viragem que ajuda nas situações mais apertadas. ensaio: Jorge Reis / LusoMotores Jorge Reis