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XPENG G9: O SUV CHINÊS QUE QUER FAZER TREMER OS ALEMÃES

ECO

2025-06-16 21:04:24

O futuro dos SUV elétricos já não fala só alemão, graças ao flagship da Xpeng. Agora, quem quer luxo e autonomia sem esvaziar a carteira tem uma escolha que faz pensar duas vezes Se acha que o domínio alemão no mundo dos SUV elétricos é inabalável, prepare-se para uma surpresa vinda do Oriente: o Xpeng G9 chegou para desafiar o status quo e abanar as certezas de quem sempre pensou que inovação, luxo e tecnologia só se escreviam com sotaque bávaro ou estugardense. Num mercado onde os preços dos elétricos familiares premium parecem competir com o do metro quadrado em Lisboa, eis que surge um SUV chinês capaz de oferecer o que os rivais prometem, mas a um preço que não faz corar a conta bancária. A Xpeng Motors nasceu há cerca de uma década, em 2014, numa China que já vislumbrava o futuro da mobilidade elétrica. Fundada por He Xiaopeng (daí o nome da marca), esta startup tecnológica cresceu a um ritmo vertiginoso, chegando aos 15 mil trabalhadores em apenas uma década Não se trata de mais uma marca que tentou copiar o que já existia, mas de uma empresa que nasceu puramente elétrica, com ADN tecnológico e sem os constrangimentos das marcas tradicionais. Para famílias que valorizam a tecnologia, o espaço e a economia, sem prescindir totalmente do prestígio, o G9 marca pontos. Não tem o estatuto de uma marca alemã, mas tem a substância para questionar se esse estatuto vale realmente os 20 mil euros de diferença. O G9, lançado em setembro de 2022 no mercado chinês e chegado à Europa em 2023, representa o quarto modelo da marca e o primeiro verdadeiramente pensado para conquistar o mercado global. É o atual flagship da Xpeng e uma espécie de cartão de visita para quem ainda não conhece a marca, com argumentos tão sólidos que até os mais céticos vão querer saber mais. A estrada que liga Lisboa à Comporta é um teste severo para qualquer automóvel. Entre curvas sinuosas que mordem o Alentejo Litoral e retas infinitas que desembocam no oceano, o Xpeng G9 revelou-se mais do que um simples veículo de transporte de toda a família, mas um companheiro de viagem que se mostra capaz de desafiar o conceito de "value for money" no segmento premium. Com 4,89 metros de comprimento e 1,94 metros de largura, o G9 posiciona-se diretamente contra os BMW iX e Mercedes-Benz EQE SUV. As dimensões são quase idênticas às dos rivais alemães, mas é no preço que as diferenças se tornam evidentes: enquanto um BMW iX arranca nos 87 mil euros e um Mercedes EQE SUV nos 84 mil euros, o Xpeng G9 começa nos 63 mil euros na versão Standard Range. Xpeng G9 Xpeng G9 Xpeng G9 Xpeng G9 Xpeng G9 Xpeng G9 Xpeng G9 Esta diferença de preço não significa, porém, um produto inferior. O interior do G9 impressiona pela qualidade dos materiais, bancos aquecidos e ventilados, e um sistema de infoentretenimento com dois ecrãs de 14,96 polegadas, que facilmente enchem o olho e tornam uma viagem mais agradável. Mas não só. Na estrada, o G9 também não desilude. À saída de Lisboa, o ACC (Adaptive Cruise Control) mostrou a sua inteligência na A2, mantendo sempre a distância segura dos camiões, antecipando curvas e até sugeriu reduções de velocidade baseadas em sinais de trânsito. E fora de estrada, este SUV chinês revela o seu party trick, graças a uma suspensão pneumática de câmara dupla. Elevado 50 milímetros, foi capaz de deslizar sobre pedras soltas como um barco a cortar ondas. Na volta, em modo baixo (-50 mm), a aerodinâmica do chassis ajudou a recuperar 18% de autonomia na A2 - detalhe crucial para quem viaja com pressa de chegar a casa. Mas o grande trunfo do G9 reside na tecnologia de carregamento. Enquanto a maioria dos SUV elétricos se debate com velocidades de carregamento que rondam os 150-200 kW, o G9 oferece uma capacidade de até 300 kW em corrente contínua, graças à arquitetura de 800 volts. Na prática, isto significa carregar de 10% a 80% em apenas 20 minutos - um desempenho que rivaliza com os melhores do mercado. A gama oferece três versões distintas. A Standard Range, com tração traseira e bateria LFP de 78,2 kWh, entrega 313 cavalos e 460 quilómetros de autonomia WLTP. A Long Range mantém a tração traseira, mas aumenta a bateria para 98 kWh, elevando a autonomia para 570 quilómetros. No topo da gama, a Performance (a testada pelo ECO) adiciona tração integral, mantém os 98 kWh de bateria, mas dispara a potência para 551 cavalos, permitindo acelerar dos 0 aos 100 km/h em apenas 3,9 segundos. Mas nem tudo são rosas no universo Xpeng. A dinâmica de condução, apesar de competente, não oferece o mesmo refinamento de um BMW iX. A direção, embora precisa, carece de feedback, e o comportamento em curva revela o peso considerável do veículo de 2,34 toneladas na versão Performance. Outro aspeto menos positivo prende-se com a tecnologia por vezes excessiva. O ecrã de 14,96 polegadas para o passageiro da frente, embora impressionante, pode ser considerado desnecessário. Para uma família que procura um SUV elétrico premium sem os preços premium das marcas alemãs, o G9 apresenta argumentos sólidos. A versão Standard Range, por pouco mais de 63 mil euros oferece um pacote tecnológico e de conforto que seria impensável neste preço segmento há poucos anos. Se o futuro pertence a quem conseguir oferecer mais por menos, o Xpeng G9 parece estar bem encaminhado para tirar frutos dessa máxima. A bagageira de 660 litros (1.576 litros com os bancos traseiros rebatidos) garante espaço para as férias familiares, enquanto os 71 litros do frunk à frente adicionam versatilidade para cabos de carregamento ou compras de último minuto. Os bancos traseiros aquecidos e reclináveis, a função de massagem e o sistema de purificação de ar XfreeBreath elevam o nível de conforto a patamares dignos de um automóvel muito mais caro. O Xpeng G9 não é perfeito, mas é indiscutivelmente competente. Numa altura em que um BMW iX ou Mercedes EQE SUV facilmente ultrapassam os 90 mil euros numa configuração decente, o G9 surge como uma alternativa credível que oferece 80% da experiência por 70% do preço. Para famílias que valorizam a tecnologia, o espaço e a economia, sem prescindir totalmente do prestígio, o G9 marca pontos. Não tem o estatuto de uma marca alemã, mas tem a substância para questionar se esse estatuto vale realmente os 20 mil euros de diferença. Se o futuro pertence a quem conseguir oferecer mais por menos, o Xpeng G9 parece estar bem encaminhado para tirar frutos dessa máxima e, talvez, fazer com que o futuro dos SUV elétricos familiares possa muito bem falar mandarim. Luís Leitão