MERCEDES TESTA BATERIAS SÓLIDAS COM MAIS AUTONOMIA
2025-03-05 14:27:04

Os fabricantes de automóveis e de baterias perseguem as baterias sólidas, mas sem sucesso. A Mercedes fez saber que já está na estrada a testar esta tecnologia, que reduz preço e aumenta autonomia. No que respeita aos veículos eléctricos, as baterias sólidas são o futuro, pois de uma assentada prometem não só reduzir os custos e os riscos de incêndio, como também aumentar a capacidade de armazenar mais energia e suportar um maior número de ciclos carga/descarga, fazendo desta forma aumentar a longevidade da bateria. E apesar de os cientistas afirmarem, muitas vezes, que os acumuladores com esta tecnologia estão aí ao virar da esquina, a realidade é que ainda não foi possível produzi-los em massa. Mas como "a esperança é a última a morrer", a Mercedes anunciou o arranque de testes de longa duração com este tipo de acumuladores, recorrendo às células fabricadas pela norte-americana Factorial Energy. Se a bateria é a peça mais cara e pesada de qualquer veículo eléctrico que as utilize para armazenar energia, as baterias sólidas são apontadas como o Santo Graal desta tecnologia. Na essência, substituem por um electrólito sólido o electrólito líquido que é tradicionalmente utilizado nas células que formam o pack de baterias, dentro do qual se deslocam os iões de lítio entre os eléctrodos (cátodo e ânodo) nas operações de carga e descarga, um líquido que, lamentavelmente, é volátil e inflamável. As vantagens do electrólito sólido - uma espécie de vidro condutor - consistem em não dar origem a fugas que desencadeiam incêndios, em caso de pancadas violentas ou acidentes, permitir carregamentos com uma potência superior, por não ter tanta tendência para aquecer e suportar temperaturas superiores, além de garantir um maior número de ciclos de carga e descarga, aumentando a vida útil da bateria. Simultaneamente, estes acumuladores com electrólito sólido serão mais baratos de produzir, 40% mais leves e possuem uma maior densidade energética, ou seja, armazenam maiores quantidades de energia para a mesma dimensão ou peso, garantindo 25% mais de autonomia sem ter de recorrer a uma bateria maior. Isto significa elevar de 400 para 500 km a autonomia de um carro eléctrico compacto com uma bateria pequena, ou de 600 km para 750 km o alcance de um modelo com uma bateria com capacidade mais generosa. A investigadora portuguesa Maria Helena Braga explica melhor do que ninguém os trunfos desta solução neste artigo. A Mercedes equipou um EQS com baterias sólidas da Factorial Energy, que garantem mais 25% de autonomia, graças a uma densidade energética de 450 Wh/kg, o que deixa antever a possibilidade de os modelos da marca percorrerem distâncias maiores entre carregamentos. Assim, um Mercedes EQS 450+ que hoje anuncia em WLTP uma autonomia de 800 km, com uma bateria convencional com 125 kWh de capacidade bruta (e 118 kWh úteis), pode passar a anunciar 1000 km com as novas baterias sólidas com a mesma capacidade. O EQS equipado com baterias sólidas continuará a proceder a uma série de testes em vários tipos de situações e em condições reais de utilização, de forma a confirmar os dados de eficiência já obtidos em laboratório. Os testes irão prosseguir, incluindo os relacionados com os carregamentos, sem que tenha sido revelado que níveis de potência irão ser utilizados. Provavelmente, serão superiores aos actuais 350 kW dos postos da Ionity - aproximando-se talvez dos 1000 kW que a Tesla utiliza nos Semi -, que neste momento são os mais potentes do mercado para veículos ligeiros. Além da Mercedes, a Factorial Energy trabalha com as marcas da Stellantis e do grupo Hyundai/Kia. A empresa norte-americana continua fiel ao objectivo original que aponta para iniciar a comercialização deste tipo de acumuladores até 2030. Alfredo Lavrador