pressmedia logo

PRATA ESTÁ EM ALTA E DÉFICE NO MERCADO VAI MANTER-SE EM 2024

Jornal Económico (O)

2024-05-31 21:15:08

Valorização. Preço subiu mais de um terço este ano, apoiado no dólar mais fraco, na política da Fed e no desequilíbrio do mercado, onde a procura para painéis solares está a fazer diferença. A evolução dos metais preciosos tem-se destacado pela positiva nos mercados, este ano. e entre eles destaca-se a se valorizou em mais de um terço, beneficiando da desvalorização do dólar norte-americano e das decisões de política monetária da Reserva Federal, mas também de uma maior procura no mercado. Desde o início do ano, a onça (troy, de 31,1 gramas) de prata subiu 34,1%, para 28,98 euros na cotação desta quinta-feira, 30 de maio. Face ao pico de 29,94 euros registado a 21 de maio, o mais alto valor desde o máximo de 2011, a valorização é de 38,5%, desde 1 de janeiro. A apreciação da prata este ano duplica a registada pelo ouro, metal com que mantém uma correlação há décadas. “Estas subidas têm sido desencadeadas pela desvalorização do dólar norte-americano e, sobretudo, pelo comportamento das yields [taxas de juros] americanas que estiveram a recuar durante o mês de abril e a primeira metade de maio, alimentadas pelas expectativas de que a Reserva Federal norte-americana pudesse efetuar vários cortes dos juros, apesar de. neste momento, este cenário ser bastante incerto”, diz ao Jornal Económico que (JE) Henrique Tomé, analista da XTB. “O facto de existir a possibilidade de uma transição (gradual) de políticas monetárias por parte da Reserva Federal também afeta o desempenho desta classe de ativos, uma vez que dependem também muito da base monetária”, acrescenta. Henrique Tomé destaca, ainda, o facto de a oferta de prata se manter estável, enquanto a procura está em máximos. “Este desequilíbrio resulta numa alta dos preços”, aponta. O último inquérito global do The Silver Institute (TSI), que representa a indústria da prata, indica que a oferta de prata cresceu 0,3% entre 2020 e 2023, enquanto a procura aumentou 5,2% no mesmo período. Há três anos consecutivos que a procura supera a oferta neste mercado e o TSI calcula que o défice acumulado neste período ascende a 540 milhões de onças. “Crucialmente, o défice do ano passado coincidiu com um ano em que experimentámos quedas acentuadas no investimento em barras e moedas, joias e a procura de artigos em prata, o que significou uma queda global no consumo de prata em termos anuais”, refere o TSI. A procura cresceu 26% na China, para um recorde, enquanto a da índia caiu 26%, para um mínimo de dois anos. “Estes moviMICHAEL mentos quase que se anulam”, refere o TSI. O TSI considera que a prata está a portar-se mais como um metal precioso, com o qual se pode preservar valor, e menos como um metal industrial. No entanto, o registo da procura, no ano passado, é que esta subiu no sector de eletricidade e eletrónica para um recorde, em torno dos 400 milhões de onças, o que representa um acréscimo de 100 milhões de onças em apenas dois anos. Esta evolução é explicada, em muito, pelo crescente investimento em energias renováveis, sendo a prata utilizada na produção e painéis fotovoltaicos para aproveitamento energia solar, representando, aos preços correntes, cerca de 10%/12% do custo dos painéis. Por outro lado, o TSI indica que a procura no sector da joalharia regrediu para “níveis mais normais”, pouco acima dos 200 milhões de onças. No ano passado, a mineração de prata caiu 6,3 milhões de onças, para 830,5 milhões, devido à menor produção do México (o maior produtor mundial). China, Argentina e Austrália, enquanto a procura aumentou. Foi a segunda queda anual consecutiva. O TSI estima que a produção deverá voltar a cair este ano. cerca de 0,8%, para 823,5 milhões de onças, enquanto a procura está a aumentar cerca de 2%, apoiada nas necessidades da indústria, calculadas em mais 56,5 milhões de onças, mas também na joalharia, que quererá mais 11,8 milhões de onças de prata. Estes dois movimentos não serão compensados pela quebra no investimento em prata física e em futuros deste metal. Ou seja, a expectativa é de que o défice no mercado da prata voltará a agravar-se, desta vez em 17%. "O desempenho dos metais preciosos tem sido notável este ano e a prata é o que mais se destaca", diz Henrique Tomé Ricardo Santos Ferreira