pressmedia logo

ENTREVISTA A RICARDO COSTA

Sim

2023-03-20 00:41:10

MOBILIDADE D RICA COSTA PRESIDENTE DA ASSOCIAÇÃO EMPRESARIAL DO MINHO E CEO DO GRUPO BERNARDO DA COSTA 99 "A fusão da CIM do Cávado com a CIM do Ave trará benefícios para a mobilidade da região" á há vários exemplos de serviços de mobilidade para trabalhadores da indústria, em Braga, algo que, para o responsável, pode ser replicado e alargado a todo o concelho, mas é a mobilidade intermunicipal que mais preocupa os associados da AEMinho. Ricardo Costa refere que a instituição pretende promover encontros no sentido de aproximar e fundir as duas estruturas das Comunidades I ntermunicipais do Cávado e do Ave [CIM Cávado e CIM Ave], o que traria um benefício óbvio para a mobilidade dos trabalhadores das empresas da Região do Minho. Quais os principais os principais desafios para a região para os empresários da Região Minho, no que diz respeito à mobilidade? É um tema, de facto, complexo e sobre o qual na AEMinho nós nos temos debruçado imenso, até porque há várias questões. Falando no concelho de Braga, tem existido um esforço por parte dos TU B para adequar algumas das rotas aos parques empresariais, por exemplo, de Pitancinhos. Temos a informação de que as alterações que se implementaram nas rotas estão a produzir bons resultados e a mobilidade é muito melhor do que aquilo que era no passado. Os empresários estão bastante mais satisfeitos, porque as pessoas conseguem chegar com maior facilidade. Temos, também, o exemplo de Sobreposta, que sofreu um reajuste dos horários, que permite que as pessoas não tenham que trocar tantas vezes de autocarro para chegar ao destino. O que nós sentimos é que há uma pressão muito grande sobre as artérias de Braga, que faz com que, neste momento, o trânsito não seja o mesmo que era há dez anos. É fundamental encontrar alternativas de transporte público que permita a menor utilização das viaturas próprias. Foi por isso que vários dos associados da AEMinho assinaram o Pacto de Mobilidade Empresarial, subscrito no passado mês de Junho de 2022, com várias iniciativas que preveem medidas como o car sharing, utilização de bicicletas elétricas, um conjunto de medidas que as empresas estão a começar a adotar para melhorar a mobilidade, de forma sustentável. O setor da restauração e hotelaria tem problemas quando os colaboradores são de concelhos limítrofes. Isso também acontece com a indústria? Nós sabemos da pressão que existe no setor imobiliário, que faz com que a grande maioria das pessoas não consiga arrendar ou comprar casa nos grandes centros urbanos, como Braga, Guimarães, Famalicão... e precisamos recrutar pessoas que morem em Amares, em Vila Verde, Póvoa de Lanhoso, Fafe, Esposende, porque aí o preço da habitação não é tão elevado. Faltam, por isso, soluções de mobilidade intermunicipal. A região está dividida em duas grandes áreas, a CIM do Cávado e a CIM do Ave e isso, por si só, já é um problema, porque administrativamente existe uma divisão. Nós defendemos, numa primeira fase, que exista uma visão intermunicipal no desenho das rotas dos transportes públicos, para que seja possível circular em Braga, Guimarães, Famalicão e Barcelos com um passe único, com conjugação de horários e depois, numa segunda fase, nos concelhos que rodeiam este quadrilátero urbano. Acha que se poderia pensar numa Área Metropolitana que assuma essa questão da mobilidade e transportes públicos? As CIMs, neste momento, têm autoridade, no que diz respeito aos transportes. Há um problema maior que esse: quem dividiu as CIMs separou uma região que tinha tudo a ganhar se estivesse junta. O próprio Ministro da Economia veio agora dizer que este Quadrilátero é forte e um dos principais poios industriais do país.... A AEMinho vai desenvolver várias iniciativas no sentido de ultrapassarmos esta questão, a primeira já no dia 21 de Março, em que queremos juntar os presidentes dos quatro concelhos, o próprio Ministro da Economia vai estar connosco, para debatermos estes assuntos. Acreditamos que deve haver uma fusão da CIM do Cávado e da CIM do Ave. Não precisa de ter o nome da Área Metropolitana do Minho, porque, como Entidade única - pode ser apenas uma CIM, haverá mais condições para criar soluções para a mobilidade em toda a região. E nem sequer haveria limitação para candidatar-se aos apoios estatais para subsidiação dos passes para transportes públicos, porque as CIMs também o podem fazer, tal como nos informou o Governo. É um dos nossos objetivos para 2023.0 Minho pode ser muito mais forte se estiver unido, que se cada concelho estiver a pensar apenas para si. De que forma os associados da AEMinho estão a aderir aos fundos europeus para requalificar a sua frota ou para desenvolver projetos de mobilidade sustentável? Há vontade enorme de seguir esse caminho, mas ainda muitas incertezas. Foi aprovado um simplex ambiental, que eu acho que vai facilitar algumas dessas transições energéticas e alguns desses processos descarbonização. Nós temos desenvolvido o conceito de Comunidades Energéticas e já temos na região alguns projetos, como por exemplo no Parque de Pitancinhos, através da dst. Em Famalicão,também sabemos que há outros projetos de comunidades energéticas, mas é preciso ir mais longe nesta questão. É importante que se perceba que as empresas podem ter painéis solares a 20 quilómetros de distância da sua sede e que isso não é impeditivo de beneficiarem dessa instalação, porque hoje a tecnologia já o permite. É preciso que exista mais informação e mais desburocratização dos processos ao nível das instituições, para que os projetos que existem possam avançar. A crise energética acabou por acelerar o processo de alteração de máquinas a combustíveis fósseis para máquinas com maior eficiência energética e mais amigas do ambiente. Temos cada vez mais empresas de biomassa, de painéis solares, temos produção de energia eólica, temos mais empresas com veículos elétricos para uso diário... estamos a dar passos seguros no sentido da mobilidade sustentável, mas não podemos esbarrar em processos extremamente demorados e burocráticos. Relativamente ao Grupo Bernardo da Costa, que assinou o Pacto Empresarial de Mobilidade, que medidas foram adotadas para mitigar o efeito das alterações climáticas? Nós já começámos a fazer a transição dos veículos de combustão interna para veículos elétricos. Nas renovações dos nossos contratos de renting, vamos continuar a renovar a frota para viaturas mais amigas do ambiente. Estamos a estudar um projeto do car sharing, até porque estamos num parque empresarial mal dimensionado para a empresas, que provoca constrangimentos ao nível do estacionamento. Acabou por ser uma necessidade. Além disso, continuamos a apostar no teletrabalho, que permite que menos pessoas se desloquem de e para a empresa, reduzindo assim,o número de veículos a circular na cidade. Todos ficam a ganhar.