BRUXELAS PREPARA RECUO NA PROIBIÇÃO TOTAL DOS MOTORES DE COMBUSTÃO INTERNA EM 2035
2025-12-08 22:07:32

A discussão sobre o futuro dos motores de combustão interna tem sido central na política climática europeia, sobretudo desde que foi fixado o objetivo de emissões zero para todos os veículos novos a partir de 2035. É neste contexto, marcado por pressões industriais, alterações geopolíticas e divergências entre Estados-Membros, que surge agora um sinal claro [...] A discussão sobre o futuro dos motores de combustão interna tem sido central na política climática europeia, sobretudo desde que foi fixado o objetivo de emissões zero para todos os veículos novos a partir de 2035. É neste contexto, marcado por pressões industriais, alterações geopolíticas e divergências entre Estados-Membros, que surge agora um sinal claro de reviravolta por parte de Bruxelas. A Comissão Europeia poderá estar prestes a recuar na proibição total dos motores de combustão interna em 2035, segundo afirmou o Comissário Europeu para os Transportes, Apostolos Tzitzikostas, em entrevista ao jornal alemão Handelsblatt. A flexibilização surge após meses de pressão da Alemanha e da sua poderosa indústria automóvel, que alertou para o impacto económico e competitivo de excluir integralmente os motores térmicos numa fase de forte avanço da indústria chinesa nos elétricos. Tzitzikostas declarou que “estamos abertos a todas as tecnologias”, sinalizando que a Comissão está disposta a permitir motores de combustão além de 2035, desde que utilizem combustíveis de emissões nulas ou muito baixas. O jornal refere que dois altos funcionários da Comissão confirmaram que os motores convencionais só poderão permanecer no mercado se funcionarem exclusivamente com combustíveis sintéticos ou biocombustíveis. A carta enviada pelo governo alemão a Ursula von der Leyen não especificou, contudo, estas condições, o que deixa em aberto dúvidas quanto ao alcance da flexibilização pretendida. Ainda assim, Tzitzikostas reiterou que apenas combustíveis com “emissões zero ou baixas” poderão ser considerados, o que poderá incluir também híbridos, híbridos plug-in ou veículos com extensor de autonomia, até agora excluídos da estratégia europeia centrada no elétrico a bateria. A posição alemã tem sido reforçada por Hildegard Müller, presidente da VDA (Associação Alemã da Indústria Automóvel), que defende que a Europa não pode fechar portas tecnológicas sob risco de comprometer emprego, produção e autonomia industrial. O Comissário enquadrou a alteração como parte de uma “transição economicamente viável e socialmente justa”, sublinhando a necessidade de não sacrificar competitividade industrial num contexto global mais incerto. O que se sabe é que oacote automóvel agendado para 10 de dezembro, que prevê a revisão das normas de CO2, deverá ser adiado para permitir a apresentação de um conjunto mais amplo de medidas. Entre os temas previstos estão a renovação das frotas, simplificação regulamentar e o desenvolvimento dos chamados “kei cars” europeus. A nova data deverá ser anunciada nas próximas semanas. 08 Dezembro 2025 05:0008 Dezembro 2025 05:00 SAPO