ELON MUSK PEDE QUE A UNIÃO EUROPEIA SEJA ABOLIDA. “ISTO É SÓ O COMEÇO”
2025-12-08 22:07:32

Trevor Cokley, USAF / Wikimedia Commons Elon Musk O bilionário Elon Musk apelou este sábado à “abolição” da União Europeia, depois de denunciar o “sistema burocrático comunitário”, que está “a asfixiar lentamente a Europa até à morte”. A UE não se deixará intimidar pelos reacionários, diz o ministro francês dos Negócios Estrangeiros. O CEO da SpaceX, Tesla e do antigo Twitter, Elon Musk, que fim do ano passado e início deste por diversas vezes manifestou posições controversas sobre política europeia (com aparentes repercussões nas vendas dos seus veículos elétricos no Velho Continente) voltou a manifestar opiniões fortes sobre a vida dos europeus. Neste sábado, o controverso bilionário norte-americano de origem sul-africana apelou à “abolição da União Europeia”, depois de denunciar o “sistema burocrático comunitário”, que diz estar a “asfixiar lentamente a Europa até à morte”. As declarações de Musk surgiram na sequência do anúncio, na sexta-feira, de uma multa de 120 milhões de euros que a Comissão Europeia aplicou à sua rede social X, devido ao “desenho enganoso” do seu selo azul de verificação de contas. Numa longa série de mensagens publicadas ao longo das últimas horas, Musk encarou a multa como um ataque de Bruxelas à liberdade de expressão e um mau exemplo de soberania supranacional exercida contra os interesses dos Estados-membros. “A melhor forma de descobrir quem são os maus é ver quem quer restringir a liberdade de expressão”, lamentou Musk, na sequência da sanção aplicada à plataforma - que, em março, suspendeu centenas de contas de ativistas turcos, durante protestos ao regime de Erdogan. Esse selo azul, recorda a Europa Press, é percebido pelos utilizadores como uma marca de autenticidade, apesar de o seu acesso ser discricionário, o que viola as obrigações previstas na Lei dos Serviços Digitais europeia (DSA). A sanção anunciada por Bruxelas responde também a outras irregularidades abrangidas pela DSA, como a falta de transparência nos anúncios e o incumprimento da obrigação de permitir o acesso de investigadores aos dados da plataforma. Trata-se de uma Comissão Europeia que “adora o deus da burocracia e está a asfixiar o povo da Europa”, acusou Musk na sua série de breves mensagens. “A burocracia da União Europeia”, insistiu, “está a asfixiar lentamente a Europa até à morte”. Por isso, reiterou, “a UE deveria ser abolida e a soberania deveria ser devolvida aos países individualmente, para que os governos possam representar melhor os seus povos”. Musk acabou por fixar esta mensagem no topo do seu perfil, tornando-a o primeiro texto lido pelos quase 230 milhões de seguidores que tem na plataforma. A sucessão de mensagens foi bem recebida por eurocéticos e políticos de extrema-direita, como o primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán, que denunciou também a multa da UE como um ataque à liberdade de expressão. “O ataque da Comissão ao X diz tudo. Quando os senhores supremos de Bruxelas não conseguem ganhar o debate, recorrem às multas. A Europa precisa de liberdade de expressão, não de burocratas que ninguém elegeu e que decidem o que podemos ler ou dizer”, escreveu numa mensagem publicada no X. Orbán remata com um elogio ao multimilionário. “Tiro o chapéu a Elon Musk por estar na linha da frente”. “E isto é apenas o começo” Em sentido contrário, Jean-Noel Barrot, o ministro francês dos Negócios Estrangeiros, veio a público, também através da plataforma X, defender a multa decidida pela Comissão Europeia e insistir que a transparência das redes sociais é um princípio prioritário. “A comunidade internacional reacionária pode gritar até ficar rouca, mas não nos deixaremos intimidar. A transparência é obrigatória para as principais plataformas”, afirmou Barrot. O chefe da diplomacia francesa sublinhou que “a regra é a mesma para todos” e que, na altura, “foi aceite pela plataforma TikTok, enquanto o X a rejeitou” e, por isso, “a Comissão Europeia tomou medidas - e bem”. “E isto é apenas o começo”, rematou o ministro francês na sua mensagem. A rede social que Elon Musk comprou em 2022 está ao rubro - ao contrário da sua outrora icónica construtora de veículos elétricos, cujas vendas na Europa (e não só) estão em queda livre, enquanto as vendas de elétricos crescem. A Tesla liderou o mercado de veículos elétricos em Portugal até fevereiro deste ano, altura em que foi ultrapassada pela chinesa BYD. Segundo a AP News, a queda das vendas da Tesla são um provável indicador da reação de rejeição à Tesla por parte dos consumidores europeus, depois de Musk ter por diversas vezes intervido na política interna de países do Velho Continente, nomeadamente no Reino Unido e na Alemanha, onde manifestou apoio explícito ao partido de extrema-direita AfD. Em novembro do ano passado, após o colapso da coligação de centro-esquerda de Olaf Scholz, Musk chamou tolo ao chanceler alemão e apelou ao voto na AfD. Em janeiro, apelou ao Rei Carlos III que dissolvesse o parlamento britânico e criticou o primeiro-ministro Keir Starmer - que acusou de “proteger gangs de violadores”. Segundo disse Russ Mould, diretor de investimentos da AJ Bell, à BBC, “alguns consumidores podem mesmo estar a reagir, estar a não comprar veículos Tesla - por uma questão de princípios“. ZAP // ZAP