BYD SEAL U DM-I... A PONTE ENTRE O ELÉTRICO E A CONVENIÊNCIA
2025-12-08 22:07:32

Tendo chegado para vencer, a BYD começou por fornecer ao mercado global fora da China, e também entre nós, os mais diversos modelos 100% elétricos, de vários segmentos, capazes de responder às pretensões dos clientes mais variados. Contudo, agora é a hora de dar outras respostas, nomeadamente no que diz respeito à questão da autonomia, tendo para isso a BYD apostado nas versões DM-i, destinadas a conquistar o condutor que anseia pela experiência silenciosa e eficiente do elétrico, mas que ainda não está preparado para cortar o cordão umbilical com o motor de combustão. O LusoMotores foi por isso para a estrada num ensaio dinâmico com o novo BYD Seal U DM-i, um modelo que não é apenas mais um híbrido plug-in (PHEV), sendo antes um “Super Híbrido” que promete revolucionar a mobilidade através da sua tecnologia DM-i, focada numa gestão inteligente que prioriza o modo elétrico. Num mercado nacional onde a BYD já lidera as vendas de veículos 100% elétricos, este modelo representa a expansão da marca para capturar um público mais amplo, oferecendo uma resposta prática à ainda presente ansiedade de autonomia. Mas onde se posiciona o BYD Seal U DM-i? O núcleo desta proposta é a tecnologia DM-i (Dual Mode , intelligent), um sistema híbrido plug-in que a BYD desenvolveu internamente. Ao contrário de muitos híbridos convencionais, a filosofia DM-i é clara: a propulsão elétrica é a principal, com o motor a gasolina a atuar como um gerador de apoio de alta eficiência. Este conceito traduz-se em números impressionantes para o segmento: uma autonomia elétrica (WLTP) que pode chegar aos 125 km na versão Comfort e uma autonomia total combinada capaz de atingir uns impressionantes 1.125 km. No competitivo mercado português de SUVs familiares, o Seal U DM-i entra com uma vantagem de preço agressiva. A sua gama começa nos 33.160 EUR (+IVA), posicionando-se claramente abaixo dos rivais puramente elétricos no segmento D, como o Tesla Model Y ou o Hyundai Ioniq 5. A sua proposta de valor assenta no binómio versatilidade e economia: é um veículo que pode funcionar como um elétrico puro para o dia-a-dia urbano (cobrindo a maioria dos trajectos diários dos portugueses sem consumir uma gota de combustível) e transformar-se num híbrido de longo alcance para viagens sem preocupações de planeamento de carregamento. PHEV “versus” 100% Elétrico: Uma decisão de estilo de vida! A escolha entre o Seal U DM-i e o seu irmão, o Seal U 100% elétrico, vai muito além da tecnologia e reflete perfis de utilização distintos, sendo a comparação possível de se fazer entre os dois modelos, sem qualquer dúvida, elucidativa: Parâmetro de ComparaçãoBYD Seal U DM-i (PHEV)BYD Seal U (100% Elétrico)Autonomia Total MáximaAté 1.125 km (comb. gasolina + elétrico)Até 674 km (ciclo combinado)Autonomia 100% ElétricaAté 125 km (WLTP)Toda a sua autonomia (420-674 km)Preço de EntradaA partir de 33.160 EUR (+IVA)A partir de 45.990 EUR (+IVA)Tempo de Carregamento Rápido35-55 min (30-80% com DC)28 min (30-80% com DC)Flexibilidade para ViagensMuito Alta. Independência total da rede de carregamentoCondicionada. Requer planeamento em viagens longasCustos de ExploraçãoBaixos em uso urbano (elétrico), moderados em viagem (híbrido)Muito baixos (eletricidade vs. combustível) O Seal U elétrico revela-se assim uma proposta interessante para quem tem acesso a carregamento doméstico, faz trajetos previsíveis e valoriza a experiência de condução totalmente limpa e de baixíssima manutenção. Já o Seal U DM-i resulta na solução de transição definitiva. É o carro ideal para quem vive num apartamento sem carregamento fácil, realiza viagens longas e frequentes para zonas com infraestrutura de carregamento ainda escassa, ou simplesmente deseja a experiência elétrica sem a “ansiedade de autonomia” residual. Comportamento dinâmico e experiência a bordo Como pudemos comprovar ao longo do ensaio realizado para o LusoMotores, o Seal U DM-i foi concebido para oferecer uma condução suave, confortável e silenciosa, alinhada com a sua missão familiar. A transição entre os modos elétrico e híbrido é praticamente impercetível, graças à inteligência do sistema DM-i. E se pensa que, pelo facto deste modelo ter um motor a combustão, o ruído volta a incomodar quem, em viagem, ocupa o habitáculo, garantimos que não irá dar pela presença do motor “tradicional”, tal é a insonorizarão conseguida pela BYD para quem segue a bordo deste modelo. Nas versões de tração dianteira (Boost e Comfort), a potência de 218 cv oferece desempenho mais do que suficiente para o quotidiano, com uma aceleração de 0-100 km/h em 8.9 segundos. A estrela dinâmica, contudo, é a versão Design AWD que, com tração integral e 324 cv, reduz esse tempo para uns desportivos 5.9 segundos, provando que eficiência e performance podem coexistir. O interior é um dos seus pontos fortes, com materiais de qualidade elevada que rivalizam com concorrentes europeus. O ambiente é tecnológico, centrado num grande ecrã tátil rotativo de 15,6 polegadas, sem dúvida uma espécie de imagem de marca da BYD, o qual controla a maioria das funções - uma escolha moderna que, contudo, pode aumentar o risco de distração ao volante. O espaço para os ocupantes é generoso, mas a bagageira, com 425 litros (expandíveis para 1440L), poderá ser considerada modesta para as dimensões do veículo. Em termos de segurança, a tranquilidade permitida pela BYD resulta do facto deste modelo ter alcançado a classificação máxima de 5 estrelas no teste Euro NCAP. Avaliação: os pontos fortes e outros que nem por isso! Se quisermos fazer uma avaliação global a este modelo, encontramos desde logo três pontos positivos Autonomia e Versatilidade Inigualáveis: A autonomia combinada superior a 1.100 km é um argumento decisivo. Aliada à útil função V2L (Vehicle-to-Load), que transforma o carro numa fonte de energia portátil, cria uma proposta única para famílias e aventureiros. Eficiência Inteligente da Tecnologia DM-i: A filosofia de priorizar a propulsão elétrica resulta em consumos oficialmente muito reduzidos, nomeadamente se não esquecer de alimentar as baterias, aliados os baixos consumos numa experiência de condução predominantemente elétrica e agradável no dia-a-dia. Rácio Conteúdo/Preço: Oferece um nível muito completo de equipamento (bancos ventilados, tejadilho panorâmico, sistemas avançados de assistência) a um preço de entrada significativamente inferior ao de elétricos equivalentes, desafiando a concorrência estabelecida. Ainda assim, e porque não há bela sem senão, é possível encontrar pontos que, senão lhes quisermos chamar de negativos, são pelo menos pontos a melhorar Dinâmica de Condução Aquém da Concorrência: Apesar de confortável, a condução pode ser considerada pouco envolvente, ficando o comportamento em curva aquém daquele que é permitido pelos melhores rivais, nomeadamente o Hyundai Ioniq 5. Sistema Multimédia e Ergonomia: A dependência excessiva do ecrã tátil central para funções básicas é criticada por aumentar a distração ao volante. Falta também um planeador inteligente de rotas de carregamento, uma omissão notória para um veículo de nova geração. Eficiência Energética em Modo Elétrico: Embora os consumos combinados sejam baixos, quando considerado apenas como elétrico, o seu consumo (kWh/100km) é elevado face à concorrência direta. Adicionalmente, os tempos de carregamento DC, apesar de aceitáveis, não são dos mais rápidos do mercado. Em jeito de resumo, o BYD Seal U DM-i não é o SUV mais desportivo ou tecnologicamente refinado do seu segmento. É, no entanto, provavelmente um dos mais inteligentes e adaptados às reais necessidades do condutor português em fase de transição. Funciona como uma ponte tecnológica quase perfeita, oferecendo 90% dos benefícios de um elétrico no uso diário, com 0% da ansiedade no uso ocasional de longo curso. Para o utilizador que privilegia a paz de espírito, a economia no quotidiano e uma flexibilidade total, sobre uma dinâmica de condução excitante ou uma infraestrutura digital de ponta, o Seal U DM-i apresenta-se como uma proposta de valor extremamente convincente e difícil de ignorar no panorama automóvel nacional atual. ensaio: Jorge Reis / LusoMotores Jorge Reis