FROTA ENVELHECIDA CUSTA 7,3 MIL MILHÕES A COMPANHIAS AÉREAS. TAP ESCAPA A GASTOS EXCESSIVOS
2025-10-18 11:08:04

A IATA divide os custos das companhias aéreas em quatro categorias, num total de 11 mil milhões de euros. Encomendas estão em níveis históricos, mas indústria não consegue fazer as entregas e produção está atrasada. As fabricantes de aviões têm a produção quase bloqueada pelo número elevado de pedidos que têm recebido e isso começa a pesar na fatura das companhias aéreas. Um novo estudo da Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA) e Oliver Wyman adianta que o facto da cadeia de fornecimento estar constantemente a ser alvo de desafios e problemas pode ter um custo superior a 11 mil milhões de dólares (9,4 mil milhões de euros, à taxa de câmbio atual) só este ano às empresas que cruzam os céus. A TAP, contudo, consegue escapar. Os dados citados em “Revivendo a Cadeia de Abastecimentos de Aeronaves Comerciais” lembram que a carteira de encomendass atingiu um máximo histórico de 17 mil aeronaves no ano passado, superando os 13 mil pedidos anuais entre 2010 e 2019. Com a falta de entregas a prolongar-se, as companhias são forçadas a manter as aeronaves mais antigas em operação por períodos mais prolongados, e é aqui que entram os gastos. Os custos são, no entanto, dividos em quatro categorias. O estudo estima que os custos excessivos com combustível rondem os 3,6 mil milhões de euros, uma vez que "ao operar aeronaves mais antigas e menos eficientes, isso requer custos mais elevados de combustível", enquanto os custos adicionais de manutenção podem ascender a 2,6 mil milhões de euros, dado que "aeronaves mais antigas exigem manutenção mais frequente e dispendiosa". A pesar está ainda os custos de leasing de motores, com um peso de 2,2 mil milhões de euros. "As companhias aéreas precisam de alugar mais motores, pois eles passam mais tempo no solo do que a voar. As taxas de leasing de aeronaves também aumentaram entre 20% e 30% desde 2019", lê-se no relatório. Ao tempo de manutenção acrescentam-se os gastos com peças de substituição, de forma a "mitigar interrupções imprevisíveis na cadeia de fornecimento, aumentando os custos com o stock", algo que deverá pesar 1,2 mil milhões. "Além dos custos crescentes, os desafios da cadeia de fornecimento impedem as companhias aéreas de implementar aeronaves suficientes para responder à crescente procura de passageiros. Em 2024, a procura de passageiros aumentou 10,4%, superando a expansão da capacidade de 8,7% e elevando as taxas de ocupação para um recorde de 83,5%. Esta tendência mantém-se em 2025", escreve a associação do transporte aéreo. Na visão da IATA, "o atual modelo económico da indústria aeroespacial, as interrupções causadas pela instabilidade geopolítica, a escassez de matérias-primas e a contração dos mercados de trabalho contribuem para a origem do problema". TAP desvia-se desta rota pessimista Apesar de toda a tinta que corre em relação à TAP e à sua privatização, a companhia aérea portuguesa pode escapar a este fardo pesado da indústria. Com um total de 99 aeronaves na sua frota, a TAP conta com aviões relativamente recentes, dividindo-se entre a Airbus e a Embraer. Quando a TAP estava sob a alçada de David Neeleman e Humberto Pedrosa foram encomendados 53 novos Airbus de última geração. Foram pedidos 14 Airbus 330-900neo e 39 Airbus A320 e Airbus A321neo, com estes a começarem a chegar em 2018, enquanto em 2020 chegaram Airbus A330neo, A320neo, A321neo e ainda A321LR. Os Embraer já tinham chegado em 2016 e 2017, existindo hoje para assegurar as rotas regionais da TAP Express (antiga Portugália Airlines) e substituindo os antigos Fooker 100. Dados do relatório e contas da TAP de 2024 mostram que os gastos com a manutenção de aeronaves subiu 8,3% para 60,8 milhões de euros, enquanto o dos materiais deu um salto de 34,4% para 171,6 milhões de euros. Já os custos com combustíveis para os aviões apresentou um decréscimo de 6,2%, reduzindo-se para 1.045,8 milhões de euros, face aos 1.114,8 milhões registados no exercício de 2023. Ainda assim, os mesmos dados evidenciam que as receitas do segmento da manutenção - e a TAP faz a manutenção das suas próprias aeronaves, o que pode ser visto como uma vantagem para quem comprar a posição minoritária atualmente à venda -, "aumentaram em 73 milhões de euros (+44,6%) face a 2023, para 236,8 milhões de euros, devido maioritariamente ao aumento da atividade da oficina de motores". De acordo com a informação disponibilizada pela companhia aérea de bandeira nacional, o segmento de Manutenção e Engenharia possuia 1.863 colaboradores no fim de 2024 e mais de 900 clientes. No total do ano passado foram reparados 17.445 componentes e registados 1,1 milhões de horas de mão de obra. Inês Pinto Miguel inesmiguel@negocios.pt Pinto Miguel
